“Eu preparo três taças para o moderado: uma para a saúde, que ele sorverá primeiro, a segunda para o amor e o prazer e a terceira para o sono. Quando essa taça acabou, os convidados sábios vão para casa. A quarta é a menos demorada, mas é a da violência. A quinta é a do tumulto, a sexta da orgia, a sétima a do olho roxo, a oitava é a do policial, a nona a do ranzinza e a décima a da loucura e da quebradeira.” Eubulus – Administrador de Atenas
Lembro do texto ao servir a taça de vinho e preparar a filosofia diária.
Em consulta ao cardiologista, recebi o alvará da saúde cardiovascular e a recomendação de consumir duas taças diárias, “ajudam a manutenção do aparelho circulatório”. Sigo o conselho há quatro anos.
Acomodado em frente ao teclado, aflora o tema instigante: os momentos de verdade. Determinados por acontecimentos inesperados impedem a sequência do plano de vida previsto. Normalmente são doenças graves, uma relação desfeita, perda de ente querido, doença de filho, demissão de emprego ou mudança de carreira. Situações que obrigam a repensar valores, caminhos e planos que poderão ser até abandonados, caso o momento o exija.
Particularmente, passei por todos.
Nestes períodos, é comum sentir mal estar por dias, semanas e até anos. Mesmo consolados por pensamentos de compreensão e preparo, atingem, não pela intensidade de sofrimento, mas pela significação e verdade reveladas. Interrompem o bem estar diário, a rotina conhecida e fazem mergulhar no desconhecido, aflorando a sensação de que o fundo do poço está longe ou inexiste. Normalmente o desconforto é tamanho que há quem se prostre, longe da reação exigida pela vida, que não pára a espera. E, pasmem, anteriormente até reclamava da monotonia e da mesmice.
Quando as coisas vão mal, começam os questionamentos e a procura de culpados. Por que isto está acontecendo? Qual o propósito? O que e como fazer? E a pergunta que não quer calar: Quem fez isto?
Acontece durante o período confortável, esquecer a ajuda aos necessitados, querer créditos e endeusamentos. Julgar-se livre de males e superior ao semelhante. Ver apenas o umbigo. Por isso, quando os momentos verdade desequilibram, a culpa nunca é assumida e sim imputada ao próximo.
Encarar esses momentos com sabedoria, consciente do crescimento que representam e isentar o próximo pela culpa dos males, é sinal de segurança.
Seguir trilha traçada por outros é seguro, mas é negligenciar a capacidade de superação. Tomar as rédeas da vida nas mãos é colocar-se a prova e analisar o momento verdade como autoconhecimento.
Escolher caminhos é algo a fazer cedo ou tarde e as situações advindas disto serão mais ou menos traumáticas, dependendo da filosofia de vida de cada um. Mas convenhamos, imputar as dificuldades dos momentos verdade aos outros só retarda a superação dos desafios.
“A dor é inevitável. O sofrimento é opcional.” Anônimo
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quinta-feira, 10 de março de 2011
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
VIAGEM À FRONTEIRA GAÚCHA
Fronteria Argentina/Brasil (foto:Marco)
A viagem narrada neste texto aconteceu ao longo da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. A largada deu-se em Brasília, de avião até Porto Alegre. A partir daí, segue de automóvel.
Os preparativos começaram com a busca de dados sobre as cidades, no Google. A aquisição do Mapa Rodoviário Quatro Rodas em DVD, mostrou-se eficaz na escolha das melhores opções de estradas, hotéis e restaurantes. Indispensável, o GPS facilitou a localização dos endereços. Também fez parte da infra-estrutura, o aluguel do carro. Companhia na divisão do tempo e na troca de idéias não poderia faltar e Maria Lúcia, a namorada, foi convidada e aceitou o desafio de conhecer a região.
Tudo pronto, partimos em 10 de janeiro de 2011, segunda-feira, as 09h 50 em vôo da Gol. A chegada em solo gaúcho foi as 12h 30. Após almoçar no aeroporto, fui à locadora e recebi o carro. As 14h 30 passava sobre o vão móvel da velha ponte sobre o Guaíba. Iniciava-se a viagem de resgate sobre a infância no interior do estado, entre os dois e oito anos. Muitas vezes pensara executá-la, mas compromissos e falta de tempo, impediram-me. Na década de cinquenta, percorri este trajeto de automóvel, trem e avião da Força Aérea Brasileira. O objetivo é rever lugares e pessoas, que convivi na infância.
Com cerca de duas horas de viagem, um caminhão joga pedras no pára-brisa, acordando-me dos devaneios. Um estalo seco e surge a teia no vidro frontal. Parei o carro, coloquei um adesivo na rachadura e segui em frente. O incidente, único da viagem, alertou os sentidos aos perigos da estrada, tornando-me cauteloso daí para frente.
Cheguei a Rosário do Sul às 19h e procurei o hotel Areias Brancas, as margens do rio de mesmo nome. A cidade permeia o rio e é laser de moradores das cidades vizinhas. Além do banho, oferece amplo calçadão destinado a caminhadas e corridas. Nas areias as margens, quadras de futebol. Ressentimos a falta de restaurante para jantar. O único aberto, num posto de gasolina na entrada do município, oferecia refeição adornada por moscas.
Na manhã seguinte, partimos cedo a Alegrete. Chegamos às 10h e decidi procurar o primo Carlos Alberto, pois há 40 anos não nos víamos. Ainda não seria desta vez. Com alguns telefonemas constatei que desfrutava férias em Porto Alegre. Procurei a segunda ex-mulher do pai, Ilsa Ricciardi, de origem alegretense, que voltara a cidade após a separação. Com a localização do Hélio, primo dela, achei-a facilmente. Hélio é personalidade conhecida, dono de emissora de rádio e do primeiro jornal do Rio Grande do Sul, a Gazeta de Alegrete. Amigo de Mário Quintana, enveredado pela poesia, jornalismo e hábil cartunista. Ricciardi é bem humorado apesar da idade e problemas dela. Apresentou a mulher como “posa”, e explicou que “es”posa seria se fossem separados. A filha, arquiteta Lilia, é hoje quem capitaneia o jornal e a radio, com consultoria do pai, claro.
Em Alegrete pai residiu no início dos anos sessenta. A partir do casamento com Ilsa, nascida na cidade, adquiriu o hábito de retornar frequentemente, quando visitava parentes da mulher e jogava xadrez no clube dos oficiais da Brigada Militar. Passar em frente ao quartel da Brigada fez-me imaginar quantas vezes passara pelo pórtico de entrada e recebera continência.
As oito horas passadas na cidade foram proveitosas. A acolhida e as informações que obtive comporão o artigo que escrevo sobre o pai. As 18h deixei Alegrete e retornei a BR 290 com destino a Uruguaiana.
A medida que aproximava da cidade, experimentava inquietude. Representava um resgate importante, pois não retornara desde 1959.
Descarreguei a bagagem no hotel Mainardi na avenida Presidente Vargas e segui a rua General Câmara. Lembrava-me do número, 3020. Encontrei-a rapidamente. Intacta, ao lado do presídio onde pai fora Administrador, estava a casa de minhas lembranças. A imagem fixada como numa foto. Contava dois anos e ali permaneci até oito. A fachada era a mesma, como também as paredes de 60 cm de espessura com grades nas janelas. O atual morador acompanhado da esposa, tomava chimarrão sentado na calçada. A pintura externa, descorada, transparecia que levara várias mãos de tinta. Ao narrar o motivo da visita, convidou-me a entrar. Uma pequena reforma mudara uma parede de lugar e rebaixou o pé direito. Entrei na cozinha. Um filme imediatamente montou-se em minha mente e retrocedi no tempo. Por ocasião da Páscoa, no parapeito da janela, vó desenhava rastros de rodas da charrete do coelhinho, que após entrar, seguia ao quintal, onde escondia a cesta de ovos de chocolate. Com esta história, vó retardou minha consciência de que o orelhudo era mera ficção e reafirmou o valor da Páscoa com relação ao Natal. No quarto, o único canto iluminado pelo sol, estava também uma mesa onde há cinqüenta anos lia Monteiro Lobato e Mark Twain. Senti a textura da tinta nas paredes. A mesma que tocara com mãos sujas de barro para desespero da mãe. As janelas, as portas, tudo do mesmo jeito, restauradas preveniram a ação do tempo.
Ao sair, parei no alpendre. Acima da porta avistei o bocal da luz. Nas noites quentes de verão a vó e eu sentávamos nos degraus embaixo da lâmpada a aproveitar a brisa. Durante horas me narrava histórias de antepassados italianos e a saga para conquistar o sustento ao chegar da Itália. Lembro que nesta lâmpada acumulavam insetos e, para dispersar, vó apagava a luz. Mesmo com este cuidado, certo dia, um besouro abandonou o vôo na luz apagada e alojou-se no meu ouvido. Senti as patas impulsionando o animalzinho cada vez mais fundo e o zumbido me ensurdecia. Quanto mais o bicho se enfiava, mais agoniado ficava. Sosseguei no pronto socorro com o médico retirando os pedaços com a pinça. Balancei a cabeça e retornei do passado.
Despedi-me e fui a casa em frente. Lá morava o capitão Bacuri. Encontrei um dos filhos, o Edmar, com cerca de 70 anos. Relembramos acontecimentos da rua e das pessoas. Colocou em dia a vida e as mortes dos moradores. Sobre o sobrinho que ficara embaixo de um Chevrolet 51 e quase morrera afogado quase rebentamos de rir. Vou contar. Naqueles tempos a rua era de terra e cheia de buracos.Todos os finais de tarde, jogávamos futebol na rua. Um dia, a bola rolou debaixo de um carro estacionado e escolhemos o menor dentre nós, para buscá-la. Bastava se arrastar, pegar a bola e sair. Mas o imponderável aconteceu. Iniciou enorme tromba d’água e rapidamente uma poça envolveu a área ocupada pelo veículo. Como o garoto ficou embaixo do carro esperando a chuva passar, ficou ilhado. Se abaixasse a cabeça, afogava e se tentasse levantar, batia no assoalho. As coisas só normalizaram após o automóvel ser erguido pelos vizinhos e ele ser retirado sem ferimentos.
Capitão Bacuri era militar do Exército e tinha dez filhos. Mesmo sendo confortável, a casa não possuía banheiro e a mulher e os filhos usavam uma casinha mal-cheirosa com sol ou chuva, no fundo do quintal. Certa vez, após incansáveis reclamações da mulher, o capitão mandou construir banheiro dentro da residência e a pocilga foi abandonada. Uma das brincadeiras preferidas da garotada acontecia neste sitio do capitão, era o de pique – esconde. O terreno oferecia várias opções de esconderijos. Certa vez, ao chegar minha vez de ser o pique, notei a casinha abandonada. Éramos uns vinte, na faixa dos sete anos. Esperei a vez de esconder e, quando o pique fechou os olhos, escondeu o rosto nos braços e iniciou a contagem debruçado no cinamomo, corri à casinha abandonada. O problema foi que marimbondos a encontraram também e construíram enorme cachopa. Nem preciso dizer nada. Saí correndo com a nuvem me ferroando. Quando dei por mim, estava deitado no chão de cara inchada e placas de barro colocadas pela mulher do capitão. Acreditava aliviar as dores semelhantes à queimadura. E aliviou.
Tenho profundos laços afetivos com a cidade. Fui para Uruguaiana com meus pais. Pai era tenente da Polícia Militar e fora destacado para administrar a casa penitenciária que pertencia a Brigada gaúcha. Estudei na escola Elisa Ferrari Vals, onde fiz o curso fundamental.
Reconheço que Uruguaiana não é mais sombra do que era. A começar pela estrada a BR 290. Encontrei-a cuidada e sinalizada o que proporcionou tranqüilidade a viagem enquanto recordava com a namorada sobre a saga que era cumprir o percurso de 600 km, nos anos de 1954/5. Naquela época, eram intermináveis viagens de carro, atoleiros e longos períodos parados a espera de peças, geralmente da suspensão quebrada na buraqueira.
A maioria das viagens foi de trem. Saiamos de Porto Alegre num vagão leito da Maria Fumaça. A cabine pequena só era diversão para mim, que curtia a aventura com visão infantil e sonhadora. Em Alegrete havia baldeação para carro motor e o restante da viagem seria mais sacrificada pelo desconforto do barulho e dos bancos de madeira. Ao chegarmos a Uruguaiana o cansaço era generalizado. Estas viagens eram acontecimentos importantes e tinham por finalidade rever a família em Porto Alegre. Apesar dos incômodos, nunca percebi mau humor de meus pais.
Certa vez mãe, vó e eu viajamos num avião da Força Aérea Brasileira. Pegamos tempestade com raios, trovões e ventos fortes pelo caminho. Dentro da aeronave chovia mais que fora e éramos obrigados a sentar em bancos de metal, empossados de água. Os aeroportos com pista curta e sem instrumentos ofereciam aterrissagens e decolagens que contavam apenas com a habilidade do piloto. Mãe e vó se revezavam em rezas e ficavam bravas se as tirassem da concentração. Depois desta, mãe fez uma promessa e cumpriu: de avião nunca mais.
No segundo dia em Uruguaiana, levei o carro para reparar e garantir o restante da viagem. Num determinado momento, o dono da oficina, nervoso, aparece com um gato fisgado pela boca por um anzol. A dificuldade foi encontrar a ferramenta para cortar o anzol. Dois alicates não tinham corte suficiente. Apenas a torquês resolveu o problema. Antes fizemos várias fotos do bichano fisgado. Com certeza, sofreu menos que a colocação de piercing.
Pronto o carro, almoçamos e rumamos a Paso de los Libres. Atravessei a ponte e ao me aproximar da Aduana, já em solo Argentino, fui parado pela fiscalização. O carro, com placas de São Paulo, chamara a atenção. Automóveis para cruzarem a fronteira, devem possuir documentação em nome do condutor. O fiscal argentino indicou o estacionamento da Aduana, onde deixei o carro, peguei um taxi conduzido por uma brasileira, que nos levou à cidade portenha. Em plena três da tarde Paso de Los Libres parecia cidade fantasma. A motorista falou-me sobre o costume local da sesta após o almoço com retorno as atividades somente a partir das cinco da tarde. Maria Lucia e eu, sem alternativas, vagamos pela cidade a conversar nas praças. Quando as lojas abriram, compramos mercadorias de qualidade a preços convidativos.
As 8h voltamos à fronteira, peguei o carro e retornei ao Brasil. Naquela noite, comemoramos o dia com matambre, prato típico da região, acompanhado de um bom vinho Norton, argentino. O restaurante acolhedor foi o da praça central de Uruguaiana.
Na manhã seguinte, deixamos Uruguaiana para trás, rumo a Santana do Livramento, com parada em Quaraí e almoço na uruguaia, Artigas. Experimentamos o restaurante D. Pedro II, no lado uruguaio, onde pedi um vazio e uma picanha, carnes de excelente qualidade, acompanhadas por vinho nativo.
A chegada em Livramento foi às 17h e procurei o hotel Castelo. O acesso a portaria se dá por escada a amplo corredor com pé direito de três metros. Por Adriano Morais, recepcionista, soube que o hotel fora sede de grande fazenda da região. Ganhei do funcionário o livro Armour – Uma Porta No Pampa que narra a história do Frigorífico Armour, o maior do Brasil na época. Quebrou devido a administrações equivocadas e perdulárias.
O principal atrativo de Livramento é a fronteira seca com Rivera, Uruguai. Separadas por uma rua, comerciantes de Brasil e Uruguai concorrem em harmonia, mas com vantagem nítida para os uruguaios. Os artigos baratos e o amplo comércio levam legiões de consumidores à cidade.
Ressalvo um descaso da cidade. Em Livramento nasceu Nelson Gonçalves, cantor ilustre que encantou o país. Após ser informado sobre a residência do cantor, segui para lá. Surpresa. O local onde nasceu Nelson, o cantor que encantava multidões, fazia suspirar as mocinhas e embalava os namoros das décadas de 50/60, é uma loja de móveis. Destaca-se apenas a placa de metal, velha e com letras esmaecidas, que logo desaparecerá acabada pelo tempo.
“NESTA CASA NASCEU NELSON GONÇALVES – A VOZ DE OURO DO BRASIL”
Sant´ana do Livramento, agosto de 1978
Homenagem do povo através da Câmara dos Vereadores.
Alcino, funcionário do Ministério da Agricultura, fez comentários sobre a região de fronteira gaúcha. Contou que em cerca de dez anos a população decresceu de 100 mil habitantes, para 80 mil. Contou que lamentava ter escolhido morar na fronteira em vez da serra gaúcha. Lá as cidades aumentaram, há qualidade de vida e crescimento econômico que gerou empregos e oportunidades.
Rever Livramento me fez bem. Boa comida, bons preços das mercadorias e excelente hospitalidade do santanense.
No dia seguinte, reiniciei viagem, deixando para trás a fronteira. Curti muito este lado gaúcho. São brasileiros, uruguaios e argentinos, que dão exemplo da boa convivência entre povos vizinhos. É comum o casamento entre pessoas de países diferentes. As diferenças esquentam apenas em ocasiões especiais, como durante os jogos das seleções brasileira e uruguaia. Na hora do jogo a fronteira é fechada por policiais de ambas as corporações para evitar excessos.
O próximo destino é Rio Grande. É bom viajar a dois. Maria Lúcia é ótima companhia. Bem humorada, de boa conversa e alegre. Penso que pela origem carioca. A distância entre Livramento e Rio Grande exigiu parada para almoço em Dom Pedrito. Local para almoçar foi difícil. Encontramos um posto de gasolina, muito simples, com comida caseira.
Chegamos a Rio Grande aproximadamente às 17h. Priorizei hotel que oferecesse estrutura na praia do Cassino, local onde pretendíamos passear e seria excelente se tivéssemos um apoio logístico. O indicado foi o Hotel Atlântico.
No outro dia, levantamos cedo e seguimos a praia do Cassino. Segui o caminho onde se ergue importante porto de Rio Grande. Antes de pegar a estrada pela beira-mar, fomos passear nos molhes. São estruturas de pedras, que adentram para o mar, por mais ou menos 3 800 metros, para facilitar aos navios a entrada no porto. As vagonetas que percorrem o trajeto navegam sobre trilhos, impulsionadas pelo vento. Como é único o par de trilhos que as leva e trás, existe um código. Sempre saem dos trilhos as vagonetas vindas em menor número.
Imagino que Cassino seja a única praia onde os carros transitam pela beiramar. Os banhistas além de correrem riscos para atravessar as ruas das cidades, enfrentam a faixa de automóveis na beiramar de Cassino. Não poderia deixar de consumir isca de peixe na praia, com caipirinha. De volta a Rio Grande visitamos o Museu Oceanográfico, onde estão os contêineres que serviram de apoio a Expedição Brasileira na Antártida, importante contribuição de conhecimento científico da vida marinha à ciência do planeta. A capela de São Francisco de Assis, é obra que reforça aos visitantes a discriminação com relação as classes sociais no período da escravatura. Esta igreja é dividida em duas, com frentes distintas, uma em cada rua. Um lado destinado a nobreza e outro aos escravos. O dos nobres se divide em três categorias, dos nobres ricos, próximas ao altar, dos remediados, do meio do templo em diante e o dos pobres, fora das portas externas.
Em Pelotas, consumi os deliciosos doces e, entre favoritos, o Camafeu. As colônias nas cercanias da cidade, são passeios obrigatórios. Dentre elas, conheci Canguçu, distante de Pelotas cerca de 60 km. Na linda cidade com mais de 150 anos, conversamos com o Secretario de Cultura, durante a visita ao museu. A partir da serra dos Tapes, ergue-se a majestosa imagem da padroeira Nossa Senhora da Conceição. Lugar de passeio obrigatório..
No dia seguinte, voltamos a Porto Alegre, cumprindo o roteiro que classifiquei como da fronteira gaúcha. Foram dez dias de encantamento com belezas naturais e a diversidade de culturas. Sem exceção, convivemos com gente amabilíssima, histórias e informações. Particularmente, fiquei sensibilizado em rever lugares e pessoas da infância.
Ao todo viajamos cerca de 2000 km. A partida e a chegada em Porto Alegre, com hospedagens em Rosário do Sul, Uruguaiana, Santana do Livramento, Rio Grande e Pelotas. Significativas paradas em Alegrete, Quarai, Dom Pedrito e Praia do Cassino. E as estrangeiras Paso de los Libres, Artigas e Rivera.
Sentir o odor dos pampas, o aroma das paisagens onde vivi quando menino relembrou fatos que marcaram época. O cheiro dos arroios reavivou lembranças e da mesma forma ajudou a escrever o texto.

A viagem narrada neste texto aconteceu ao longo da fronteira oeste do Rio Grande do Sul. A largada deu-se em Brasília, de avião até Porto Alegre. A partir daí, segue de automóvel.
Os preparativos começaram com a busca de dados sobre as cidades, no Google. A aquisição do Mapa Rodoviário Quatro Rodas em DVD, mostrou-se eficaz na escolha das melhores opções de estradas, hotéis e restaurantes. Indispensável, o GPS facilitou a localização dos endereços. Também fez parte da infra-estrutura, o aluguel do carro. Companhia na divisão do tempo e na troca de idéias não poderia faltar e Maria Lúcia, a namorada, foi convidada e aceitou o desafio de conhecer a região.
Tudo pronto, partimos em 10 de janeiro de 2011, segunda-feira, as 09h 50 em vôo da Gol. A chegada em solo gaúcho foi as 12h 30. Após almoçar no aeroporto, fui à locadora e recebi o carro. As 14h 30 passava sobre o vão móvel da velha ponte sobre o Guaíba. Iniciava-se a viagem de resgate sobre a infância no interior do estado, entre os dois e oito anos. Muitas vezes pensara executá-la, mas compromissos e falta de tempo, impediram-me. Na década de cinquenta, percorri este trajeto de automóvel, trem e avião da Força Aérea Brasileira. O objetivo é rever lugares e pessoas, que convivi na infância.
Com cerca de duas horas de viagem, um caminhão joga pedras no pára-brisa, acordando-me dos devaneios. Um estalo seco e surge a teia no vidro frontal. Parei o carro, coloquei um adesivo na rachadura e segui em frente. O incidente, único da viagem, alertou os sentidos aos perigos da estrada, tornando-me cauteloso daí para frente.
Cheguei a Rosário do Sul às 19h e procurei o hotel Areias Brancas, as margens do rio de mesmo nome. A cidade permeia o rio e é laser de moradores das cidades vizinhas. Além do banho, oferece amplo calçadão destinado a caminhadas e corridas. Nas areias as margens, quadras de futebol. Ressentimos a falta de restaurante para jantar. O único aberto, num posto de gasolina na entrada do município, oferecia refeição adornada por moscas.
Na manhã seguinte, partimos cedo a Alegrete. Chegamos às 10h e decidi procurar o primo Carlos Alberto, pois há 40 anos não nos víamos. Ainda não seria desta vez. Com alguns telefonemas constatei que desfrutava férias em Porto Alegre. Procurei a segunda ex-mulher do pai, Ilsa Ricciardi, de origem alegretense, que voltara a cidade após a separação. Com a localização do Hélio, primo dela, achei-a facilmente. Hélio é personalidade conhecida, dono de emissora de rádio e do primeiro jornal do Rio Grande do Sul, a Gazeta de Alegrete. Amigo de Mário Quintana, enveredado pela poesia, jornalismo e hábil cartunista. Ricciardi é bem humorado apesar da idade e problemas dela. Apresentou a mulher como “posa”, e explicou que “es”posa seria se fossem separados. A filha, arquiteta Lilia, é hoje quem capitaneia o jornal e a radio, com consultoria do pai, claro.
Em Alegrete pai residiu no início dos anos sessenta. A partir do casamento com Ilsa, nascida na cidade, adquiriu o hábito de retornar frequentemente, quando visitava parentes da mulher e jogava xadrez no clube dos oficiais da Brigada Militar. Passar em frente ao quartel da Brigada fez-me imaginar quantas vezes passara pelo pórtico de entrada e recebera continência.
As oito horas passadas na cidade foram proveitosas. A acolhida e as informações que obtive comporão o artigo que escrevo sobre o pai. As 18h deixei Alegrete e retornei a BR 290 com destino a Uruguaiana.
A medida que aproximava da cidade, experimentava inquietude. Representava um resgate importante, pois não retornara desde 1959.
Descarreguei a bagagem no hotel Mainardi na avenida Presidente Vargas e segui a rua General Câmara. Lembrava-me do número, 3020. Encontrei-a rapidamente. Intacta, ao lado do presídio onde pai fora Administrador, estava a casa de minhas lembranças. A imagem fixada como numa foto. Contava dois anos e ali permaneci até oito. A fachada era a mesma, como também as paredes de 60 cm de espessura com grades nas janelas. O atual morador acompanhado da esposa, tomava chimarrão sentado na calçada. A pintura externa, descorada, transparecia que levara várias mãos de tinta. Ao narrar o motivo da visita, convidou-me a entrar. Uma pequena reforma mudara uma parede de lugar e rebaixou o pé direito. Entrei na cozinha. Um filme imediatamente montou-se em minha mente e retrocedi no tempo. Por ocasião da Páscoa, no parapeito da janela, vó desenhava rastros de rodas da charrete do coelhinho, que após entrar, seguia ao quintal, onde escondia a cesta de ovos de chocolate. Com esta história, vó retardou minha consciência de que o orelhudo era mera ficção e reafirmou o valor da Páscoa com relação ao Natal. No quarto, o único canto iluminado pelo sol, estava também uma mesa onde há cinqüenta anos lia Monteiro Lobato e Mark Twain. Senti a textura da tinta nas paredes. A mesma que tocara com mãos sujas de barro para desespero da mãe. As janelas, as portas, tudo do mesmo jeito, restauradas preveniram a ação do tempo.
Ao sair, parei no alpendre. Acima da porta avistei o bocal da luz. Nas noites quentes de verão a vó e eu sentávamos nos degraus embaixo da lâmpada a aproveitar a brisa. Durante horas me narrava histórias de antepassados italianos e a saga para conquistar o sustento ao chegar da Itália. Lembro que nesta lâmpada acumulavam insetos e, para dispersar, vó apagava a luz. Mesmo com este cuidado, certo dia, um besouro abandonou o vôo na luz apagada e alojou-se no meu ouvido. Senti as patas impulsionando o animalzinho cada vez mais fundo e o zumbido me ensurdecia. Quanto mais o bicho se enfiava, mais agoniado ficava. Sosseguei no pronto socorro com o médico retirando os pedaços com a pinça. Balancei a cabeça e retornei do passado.
Despedi-me e fui a casa em frente. Lá morava o capitão Bacuri. Encontrei um dos filhos, o Edmar, com cerca de 70 anos. Relembramos acontecimentos da rua e das pessoas. Colocou em dia a vida e as mortes dos moradores. Sobre o sobrinho que ficara embaixo de um Chevrolet 51 e quase morrera afogado quase rebentamos de rir. Vou contar. Naqueles tempos a rua era de terra e cheia de buracos.Todos os finais de tarde, jogávamos futebol na rua. Um dia, a bola rolou debaixo de um carro estacionado e escolhemos o menor dentre nós, para buscá-la. Bastava se arrastar, pegar a bola e sair. Mas o imponderável aconteceu. Iniciou enorme tromba d’água e rapidamente uma poça envolveu a área ocupada pelo veículo. Como o garoto ficou embaixo do carro esperando a chuva passar, ficou ilhado. Se abaixasse a cabeça, afogava e se tentasse levantar, batia no assoalho. As coisas só normalizaram após o automóvel ser erguido pelos vizinhos e ele ser retirado sem ferimentos.
Capitão Bacuri era militar do Exército e tinha dez filhos. Mesmo sendo confortável, a casa não possuía banheiro e a mulher e os filhos usavam uma casinha mal-cheirosa com sol ou chuva, no fundo do quintal. Certa vez, após incansáveis reclamações da mulher, o capitão mandou construir banheiro dentro da residência e a pocilga foi abandonada. Uma das brincadeiras preferidas da garotada acontecia neste sitio do capitão, era o de pique – esconde. O terreno oferecia várias opções de esconderijos. Certa vez, ao chegar minha vez de ser o pique, notei a casinha abandonada. Éramos uns vinte, na faixa dos sete anos. Esperei a vez de esconder e, quando o pique fechou os olhos, escondeu o rosto nos braços e iniciou a contagem debruçado no cinamomo, corri à casinha abandonada. O problema foi que marimbondos a encontraram também e construíram enorme cachopa. Nem preciso dizer nada. Saí correndo com a nuvem me ferroando. Quando dei por mim, estava deitado no chão de cara inchada e placas de barro colocadas pela mulher do capitão. Acreditava aliviar as dores semelhantes à queimadura. E aliviou.
Tenho profundos laços afetivos com a cidade. Fui para Uruguaiana com meus pais. Pai era tenente da Polícia Militar e fora destacado para administrar a casa penitenciária que pertencia a Brigada gaúcha. Estudei na escola Elisa Ferrari Vals, onde fiz o curso fundamental.
Reconheço que Uruguaiana não é mais sombra do que era. A começar pela estrada a BR 290. Encontrei-a cuidada e sinalizada o que proporcionou tranqüilidade a viagem enquanto recordava com a namorada sobre a saga que era cumprir o percurso de 600 km, nos anos de 1954/5. Naquela época, eram intermináveis viagens de carro, atoleiros e longos períodos parados a espera de peças, geralmente da suspensão quebrada na buraqueira.
A maioria das viagens foi de trem. Saiamos de Porto Alegre num vagão leito da Maria Fumaça. A cabine pequena só era diversão para mim, que curtia a aventura com visão infantil e sonhadora. Em Alegrete havia baldeação para carro motor e o restante da viagem seria mais sacrificada pelo desconforto do barulho e dos bancos de madeira. Ao chegarmos a Uruguaiana o cansaço era generalizado. Estas viagens eram acontecimentos importantes e tinham por finalidade rever a família em Porto Alegre. Apesar dos incômodos, nunca percebi mau humor de meus pais.
Certa vez mãe, vó e eu viajamos num avião da Força Aérea Brasileira. Pegamos tempestade com raios, trovões e ventos fortes pelo caminho. Dentro da aeronave chovia mais que fora e éramos obrigados a sentar em bancos de metal, empossados de água. Os aeroportos com pista curta e sem instrumentos ofereciam aterrissagens e decolagens que contavam apenas com a habilidade do piloto. Mãe e vó se revezavam em rezas e ficavam bravas se as tirassem da concentração. Depois desta, mãe fez uma promessa e cumpriu: de avião nunca mais.
No segundo dia em Uruguaiana, levei o carro para reparar e garantir o restante da viagem. Num determinado momento, o dono da oficina, nervoso, aparece com um gato fisgado pela boca por um anzol. A dificuldade foi encontrar a ferramenta para cortar o anzol. Dois alicates não tinham corte suficiente. Apenas a torquês resolveu o problema. Antes fizemos várias fotos do bichano fisgado. Com certeza, sofreu menos que a colocação de piercing.
Pronto o carro, almoçamos e rumamos a Paso de los Libres. Atravessei a ponte e ao me aproximar da Aduana, já em solo Argentino, fui parado pela fiscalização. O carro, com placas de São Paulo, chamara a atenção. Automóveis para cruzarem a fronteira, devem possuir documentação em nome do condutor. O fiscal argentino indicou o estacionamento da Aduana, onde deixei o carro, peguei um taxi conduzido por uma brasileira, que nos levou à cidade portenha. Em plena três da tarde Paso de Los Libres parecia cidade fantasma. A motorista falou-me sobre o costume local da sesta após o almoço com retorno as atividades somente a partir das cinco da tarde. Maria Lucia e eu, sem alternativas, vagamos pela cidade a conversar nas praças. Quando as lojas abriram, compramos mercadorias de qualidade a preços convidativos.
As 8h voltamos à fronteira, peguei o carro e retornei ao Brasil. Naquela noite, comemoramos o dia com matambre, prato típico da região, acompanhado de um bom vinho Norton, argentino. O restaurante acolhedor foi o da praça central de Uruguaiana.
Na manhã seguinte, deixamos Uruguaiana para trás, rumo a Santana do Livramento, com parada em Quaraí e almoço na uruguaia, Artigas. Experimentamos o restaurante D. Pedro II, no lado uruguaio, onde pedi um vazio e uma picanha, carnes de excelente qualidade, acompanhadas por vinho nativo.
A chegada em Livramento foi às 17h e procurei o hotel Castelo. O acesso a portaria se dá por escada a amplo corredor com pé direito de três metros. Por Adriano Morais, recepcionista, soube que o hotel fora sede de grande fazenda da região. Ganhei do funcionário o livro Armour – Uma Porta No Pampa que narra a história do Frigorífico Armour, o maior do Brasil na época. Quebrou devido a administrações equivocadas e perdulárias.
O principal atrativo de Livramento é a fronteira seca com Rivera, Uruguai. Separadas por uma rua, comerciantes de Brasil e Uruguai concorrem em harmonia, mas com vantagem nítida para os uruguaios. Os artigos baratos e o amplo comércio levam legiões de consumidores à cidade.
Ressalvo um descaso da cidade. Em Livramento nasceu Nelson Gonçalves, cantor ilustre que encantou o país. Após ser informado sobre a residência do cantor, segui para lá. Surpresa. O local onde nasceu Nelson, o cantor que encantava multidões, fazia suspirar as mocinhas e embalava os namoros das décadas de 50/60, é uma loja de móveis. Destaca-se apenas a placa de metal, velha e com letras esmaecidas, que logo desaparecerá acabada pelo tempo.
“NESTA CASA NASCEU NELSON GONÇALVES – A VOZ DE OURO DO BRASIL”
Sant´ana do Livramento, agosto de 1978
Homenagem do povo através da Câmara dos Vereadores.
Alcino, funcionário do Ministério da Agricultura, fez comentários sobre a região de fronteira gaúcha. Contou que em cerca de dez anos a população decresceu de 100 mil habitantes, para 80 mil. Contou que lamentava ter escolhido morar na fronteira em vez da serra gaúcha. Lá as cidades aumentaram, há qualidade de vida e crescimento econômico que gerou empregos e oportunidades.
Rever Livramento me fez bem. Boa comida, bons preços das mercadorias e excelente hospitalidade do santanense.
No dia seguinte, reiniciei viagem, deixando para trás a fronteira. Curti muito este lado gaúcho. São brasileiros, uruguaios e argentinos, que dão exemplo da boa convivência entre povos vizinhos. É comum o casamento entre pessoas de países diferentes. As diferenças esquentam apenas em ocasiões especiais, como durante os jogos das seleções brasileira e uruguaia. Na hora do jogo a fronteira é fechada por policiais de ambas as corporações para evitar excessos.
O próximo destino é Rio Grande. É bom viajar a dois. Maria Lúcia é ótima companhia. Bem humorada, de boa conversa e alegre. Penso que pela origem carioca. A distância entre Livramento e Rio Grande exigiu parada para almoço em Dom Pedrito. Local para almoçar foi difícil. Encontramos um posto de gasolina, muito simples, com comida caseira.
Chegamos a Rio Grande aproximadamente às 17h. Priorizei hotel que oferecesse estrutura na praia do Cassino, local onde pretendíamos passear e seria excelente se tivéssemos um apoio logístico. O indicado foi o Hotel Atlântico.
No outro dia, levantamos cedo e seguimos a praia do Cassino. Segui o caminho onde se ergue importante porto de Rio Grande. Antes de pegar a estrada pela beira-mar, fomos passear nos molhes. São estruturas de pedras, que adentram para o mar, por mais ou menos 3 800 metros, para facilitar aos navios a entrada no porto. As vagonetas que percorrem o trajeto navegam sobre trilhos, impulsionadas pelo vento. Como é único o par de trilhos que as leva e trás, existe um código. Sempre saem dos trilhos as vagonetas vindas em menor número.
Imagino que Cassino seja a única praia onde os carros transitam pela beiramar. Os banhistas além de correrem riscos para atravessar as ruas das cidades, enfrentam a faixa de automóveis na beiramar de Cassino. Não poderia deixar de consumir isca de peixe na praia, com caipirinha. De volta a Rio Grande visitamos o Museu Oceanográfico, onde estão os contêineres que serviram de apoio a Expedição Brasileira na Antártida, importante contribuição de conhecimento científico da vida marinha à ciência do planeta. A capela de São Francisco de Assis, é obra que reforça aos visitantes a discriminação com relação as classes sociais no período da escravatura. Esta igreja é dividida em duas, com frentes distintas, uma em cada rua. Um lado destinado a nobreza e outro aos escravos. O dos nobres se divide em três categorias, dos nobres ricos, próximas ao altar, dos remediados, do meio do templo em diante e o dos pobres, fora das portas externas.
Em Pelotas, consumi os deliciosos doces e, entre favoritos, o Camafeu. As colônias nas cercanias da cidade, são passeios obrigatórios. Dentre elas, conheci Canguçu, distante de Pelotas cerca de 60 km. Na linda cidade com mais de 150 anos, conversamos com o Secretario de Cultura, durante a visita ao museu. A partir da serra dos Tapes, ergue-se a majestosa imagem da padroeira Nossa Senhora da Conceição. Lugar de passeio obrigatório..
No dia seguinte, voltamos a Porto Alegre, cumprindo o roteiro que classifiquei como da fronteira gaúcha. Foram dez dias de encantamento com belezas naturais e a diversidade de culturas. Sem exceção, convivemos com gente amabilíssima, histórias e informações. Particularmente, fiquei sensibilizado em rever lugares e pessoas da infância.
Ao todo viajamos cerca de 2000 km. A partida e a chegada em Porto Alegre, com hospedagens em Rosário do Sul, Uruguaiana, Santana do Livramento, Rio Grande e Pelotas. Significativas paradas em Alegrete, Quarai, Dom Pedrito e Praia do Cassino. E as estrangeiras Paso de los Libres, Artigas e Rivera.
Sentir o odor dos pampas, o aroma das paisagens onde vivi quando menino relembrou fatos que marcaram época. O cheiro dos arroios reavivou lembranças e da mesma forma ajudou a escrever o texto.
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quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011
CERTO DIA EM BRASÍLIA....
Quatro amigos conversavam animadamente, num happy-hour de quinta-feira.
– Pois saibam que não dou um dia a mais de vida ao trabalho. Ao completar tempo, mesmo perdendo dinheiro, caio fora. – dizia Afonso –Severino, mais um chope - acenou ao garçom – estou no clima de aposentado. Amanhã é sexta e nem cumpro horário.
– Quero trabalhar até morrer, imagina em casa com Fátima – Vitor levantou para encenar melhor, imitando a mulher com quem casara há 30 anos – Quando dará jeito na grama? O jardim parece matagal, homem – exagerou.
– Você é mesmo machista, Vitor, Fátima é que aguentará o homem que só levanta para pegar controle de TV – comentou Cristina, a única mulher do grupo, jornalista – Espero a aposentadoria do Geraldo para viajarmos, Temos passagem comprada para França. Aposenta em maio, viajamos em junho.
– Claro – vociferou Medeiros – em fase de namoro, tudo são flores. Quero ver a convivência após dois anos, quando os ânimos esfriam. Estão juntos há quanto tempo?
– Um ano.
–Ta vendo? – gritou Medeiros e levantou para ir ao banheiro.
– Medeiros tem problemas com Verinha e pode dar separação – Afonso baixou a cabeça e esmagou o cigarro com o sapato.
Cristina completou.
– Pelas pesquisas dos americanos, a longevidade causará embaraços na vida dos casais. As relações serão duráveis enquanto os dois dividirem prazer na companhia um do outro. Eu mesma não acredito na relação “até que a morte os separe”. Há tempos, como a expectativa de vida era cinquenta anos, as crises não apareciam frequentes.
– Continuo com o pensamento que trabalhar é o melhor remédio para combater o tédio. “Discutir a relação”, como dizem os terapeutas, só dá divórcio. Além disso, temos dois filhos como dependentes – Foi a vez de Vitor levantar para tirar água do joelho. Era o que menos tempo faltava para aposentar-se.
Afonso só esperou Medeiros e Vitor voltarem do banheiro e alfinetou.
– Pois avisei meu filhote: ao me aposentar, terá que se sustentar. Quem necessitará trabalhar é ele. Eu quero é me divertir com a Simone. Vou ganhar menos, mas para nós, será suficiente e curtiremos os anos que restam. A depender de mim, serão muitos.
Cristina bateu palmas animada.
– Gostei Afonso, está convidado a tomar um vinho lá em casa no sábado. Geraldo precisa ouvir conselhos assim. Está cheio de responsabilidades com filhos que moram na casa da ex-mulher. Marmanjos com mais de trinta anos.
Vitor levantou, pediu desculpas alegando ser tarde, pegou a comanda individual e dirigiu-se ao caixa. Medeiros afirmou que também levantaria cedo e saiu com ele.
– Concordo que Medeiros talvez separe da Verinha, mas penso que o problema do Vitor é maior – Cristina comentou baixinho na fila do caixa.
O celular de Afonso tocou. Ao desligar, Cristina, que ouvira a conversa, perguntou.
– Algum problema?
– Simone pegou resultado do exame de sangue. Deu positivo para gravidez – respondeu Afonso aumentando o passo – Vamos rápido, quero chegar cedo ao trabalho amanhã – e concluiu – Babaus aposentadoria.
Como os carros estavam próximos, deslocaram-se em silêncio ao estacionamento.
– Pois saibam que não dou um dia a mais de vida ao trabalho. Ao completar tempo, mesmo perdendo dinheiro, caio fora. – dizia Afonso –Severino, mais um chope - acenou ao garçom – estou no clima de aposentado. Amanhã é sexta e nem cumpro horário.
– Quero trabalhar até morrer, imagina em casa com Fátima – Vitor levantou para encenar melhor, imitando a mulher com quem casara há 30 anos – Quando dará jeito na grama? O jardim parece matagal, homem – exagerou.
– Você é mesmo machista, Vitor, Fátima é que aguentará o homem que só levanta para pegar controle de TV – comentou Cristina, a única mulher do grupo, jornalista – Espero a aposentadoria do Geraldo para viajarmos, Temos passagem comprada para França. Aposenta em maio, viajamos em junho.
– Claro – vociferou Medeiros – em fase de namoro, tudo são flores. Quero ver a convivência após dois anos, quando os ânimos esfriam. Estão juntos há quanto tempo?
– Um ano.
–Ta vendo? – gritou Medeiros e levantou para ir ao banheiro.
– Medeiros tem problemas com Verinha e pode dar separação – Afonso baixou a cabeça e esmagou o cigarro com o sapato.
Cristina completou.
– Pelas pesquisas dos americanos, a longevidade causará embaraços na vida dos casais. As relações serão duráveis enquanto os dois dividirem prazer na companhia um do outro. Eu mesma não acredito na relação “até que a morte os separe”. Há tempos, como a expectativa de vida era cinquenta anos, as crises não apareciam frequentes.
– Continuo com o pensamento que trabalhar é o melhor remédio para combater o tédio. “Discutir a relação”, como dizem os terapeutas, só dá divórcio. Além disso, temos dois filhos como dependentes – Foi a vez de Vitor levantar para tirar água do joelho. Era o que menos tempo faltava para aposentar-se.
Afonso só esperou Medeiros e Vitor voltarem do banheiro e alfinetou.
– Pois avisei meu filhote: ao me aposentar, terá que se sustentar. Quem necessitará trabalhar é ele. Eu quero é me divertir com a Simone. Vou ganhar menos, mas para nós, será suficiente e curtiremos os anos que restam. A depender de mim, serão muitos.
Cristina bateu palmas animada.
– Gostei Afonso, está convidado a tomar um vinho lá em casa no sábado. Geraldo precisa ouvir conselhos assim. Está cheio de responsabilidades com filhos que moram na casa da ex-mulher. Marmanjos com mais de trinta anos.
Vitor levantou, pediu desculpas alegando ser tarde, pegou a comanda individual e dirigiu-se ao caixa. Medeiros afirmou que também levantaria cedo e saiu com ele.
– Concordo que Medeiros talvez separe da Verinha, mas penso que o problema do Vitor é maior – Cristina comentou baixinho na fila do caixa.
O celular de Afonso tocou. Ao desligar, Cristina, que ouvira a conversa, perguntou.
– Algum problema?
– Simone pegou resultado do exame de sangue. Deu positivo para gravidez – respondeu Afonso aumentando o passo – Vamos rápido, quero chegar cedo ao trabalho amanhã – e concluiu – Babaus aposentadoria.
Como os carros estavam próximos, deslocaram-se em silêncio ao estacionamento.
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
MEUS 60 ANOS (28/01/2011)

Quando me dei conta, fazia 10 anos. Queria mais. Queria quinze. Quando fiz quinze, porque não vinte? Com vinte, pensava lá na frente, uns 25, talvez. Aos 25, ganhei consciência e parei de querer mais.
Mesmo deixando de querer mais, os anos se passaram. Permeados de vida, chego aos 60. Reuni meus filhos e netas no Don Francisco do Parkshoping. Nem todos, pois Marcos não se encontrava em Brasilia.
O almoço foi no dia 30 de janeiro, domingo. Marcos, meu filho mais velho não estava. Mora em Floripa e não pode comparecer. O restante lá estava. Fabio com a filha e minha neta Sofia. Karina com sua Taissa, também minha neta. Meus filhos Fernando e Rafaela. Também comemoraram comigo, a namorada Maria Lúcia, sua filha Ana Elisa e o namorado Diego. Minha neta mais velha, Amanda não estava em Brasília e assim perdeu a chance de dar o beijo de niver no vovô. Terá que beijar outro dia quando chegar das férias.
Almoçamos no clima de harmonia e paz como convivem pessoas que se gostam e eu a eles.
Como de praxe, o restaurante permeou o encontro com um saboroso bifê, impecável, composto entre outras iguarias, costelinha de porco, filé, frango e peixe. Adornando o prato com muito verde, a salada composta de várias qualidades de alfaces, tomates, e por aí vai. Ao final, a sobremesa, ah! a sobremesa. Um delicioso doce de leite, pudim de leite condensado, manjar de maracujá e outros que só olhei pois não poderia mais experimentar, tal a satisfação que me acometia. Deixei um espaço gastronômico para o final, pois sabia que Edson Monteschio, dono do restaurante e amigo, me brindaria, como aconteceu, com um deliciosa torta suiça. Todos cantaram os parabéns e assim, sacramentaram meu aniversário dos 60 anos.
A seguir, coloco uma poesia transformada em música pelo romântico Charles Aznavour. Preparei este texto para ler a todos após o almoço, mas esqueci de imprimir e ela ficou apenas na lembrança da mesa. Achei que a letra vivencia alguém que viveu muito e analisou cada instante vivido.
Aconselho a todos que entrem no google e ouçam a magnifica interpretação de Aznavour com sua filhas.
Ainda Ontem
Charles Aznavour
Ontem ainda, Eu tinha vinte anos
Acariciava o tempo e brincava de viver
Como se brinca de namorar
E vivia a noite
Sem considerar meus dias que escorriam no tempo
Eu fiz tantos projetos que ficaram no ar
Alimentei tantas esperanças que bateram asas
Que permaneço perdido sem saber aonde ir
Os olhos procurando o Céu mas, o coração posto na Terra
Ontem ainda eu tinha vinte anos
Desperdiçava o tempo acreditando que o fazia parar
E para retê-lo, e até ultrapassá-lo
Eu só fiz correr e me extenuar
Ignorando o passado, que conduz ao futuro
Eu precedia de mim qualquer conversação
E opinava que eu queria o melhor
Por criticar o mundo com desenvoltura
Ontem ainda eu tinha vinte anos
Mas perdi meu tempo a cometer loucuras
Que não me deixa, no fundo nada de realmente concreto
Além de algumas rugas na fronte e o medo do tédio
Porque meus amores morreram antes de existir
Meus amigos partiram e não mais retornarão
Por minha culpa eu criei o vazio em torno a mim
E gastei minha vida e meus anos de juventude
Do melhor e do pior descartando o melhor
Imobilizei meus sorrisos e congelei meus choros
Onde estão agora, meus vinte anos?
Quem se interessar, pode ver e ouvir no endereço abaixo, copiando e colando no navegador:
http://www.youtube.com/watch?v=sbpJStAWRdM
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
CRESCEI-VOS E MULTIPLICAI-VOS
A moderna tecnologia disponível apresenta um grau de eficiência sofrível. É comum acontecer de utilizar aparelhos de última geração e ter pífios resultados.
No ano passado, uma colega de trabalho, após anos de casamento sem filhos, resolveu tentar a inseminação artificial. Claro que consultou o marido, cansado dos falsos alarmes de gravidez, das tabelas de fecundação e das esdrúxulas posições na cama para tentar a concepção. Imediatamente ele aceitou, pois o que mais incomodava eram as brincadeiras dos amigos que o acusavam de mau reprodutor.
A cada tentativa, era coletada uma amostra do material e entregue ao médico. O profissional de saúde identificava os espermatozóides mais eficazes e plantava no útero da mulher. A partir daí iniciava a expectativa da fecundação. Cada coleta funcionava como novo ânimo ao casal, logo arrefecido pelos sucessivos fracassos. Psicoterapias, remédios contra ansiedades e depressões e voltavam ao consultório para nova tentativa.
Ao contrário do casal acima, algumas culturas encaram a falta de gestação com absoluta normalidade. Aboliram de vez a criação de filhos na convivência a dois, decidindo abster-se num contrato verbal como cláusula de casamento. Possuem algumas características comuns, ganham bons salários e são mais consumistas que os colegas com crianças. Incompreendidos, são considerados rabugentos pela opção de viverem livres de rebentos.
E o mercado de consumo visualiza este segmento como um filão. Existem condomínios residenciais, como na Escócia, que é permitida a entrada de crianças apenas para visitas. Candidatos a condôminos, com filhos, são personas non gratas. Imagine o leitor, as mulheres grávidas sendo convidadas a sair do conjunto habitacional, a partir do nascimento dos bebês. “Senhoras, crianças são muito barulhentas”, dirá o síndico.
Na Europa a carência de herdeiros, transformou-se em problema sério. A Itália detém a menor taxa de fecundidade e o governo se obriga a premiar os casais com 1 500 dólares por criança nascida.
No Brasil, a média de filhos por mulher é 2,3. Acima, portanto, da taxa de reposição da população, que é 2,1. Mesmo assim, nos últimos doze anos, o número de casais brasileiros que optaram por abolir a gravidez, dobrou. De 1 milhão passou para 2 milhões. Por estes dados, chego a pensar que a inseminação artificial é um procedimento em extinção.
Custo a conceber o mundo vazio de seres humanos. O planeta solitário a gerar alimentos ficaria desconexo. Frutificar maçãs, laranjas e bananas para caírem podres do pé por falta de consumo é demais.
Povoar a terra é a função primeira da humanidade. Casais devem se organizar e repensar sobre a reprodução. Evitar a gravidez por dificuldades financeiras é desculpa esfarrapada. As gerações passadas tinham dez, doze filhos e todos tinham seu canto na mesa.
O Brasil é um pais enorme, necessitado de grande população para explorá-lo. Quando leio matérias sobre a falta de mão de obra na indústria, indicando importação de gente, me desassossego. Fico a pensar como isto é possível num país de altas taxas de nascimento.
Levantemos a bandeira da multiplicação. É saudável, desestressa e baixa a pressão alta, segundo o Ministério da Saúde.
E o melhor, eliminem a tecnologia para substituir o ato. Ao vivo com certeza é mais prazeroso.
No ano passado, uma colega de trabalho, após anos de casamento sem filhos, resolveu tentar a inseminação artificial. Claro que consultou o marido, cansado dos falsos alarmes de gravidez, das tabelas de fecundação e das esdrúxulas posições na cama para tentar a concepção. Imediatamente ele aceitou, pois o que mais incomodava eram as brincadeiras dos amigos que o acusavam de mau reprodutor.
A cada tentativa, era coletada uma amostra do material e entregue ao médico. O profissional de saúde identificava os espermatozóides mais eficazes e plantava no útero da mulher. A partir daí iniciava a expectativa da fecundação. Cada coleta funcionava como novo ânimo ao casal, logo arrefecido pelos sucessivos fracassos. Psicoterapias, remédios contra ansiedades e depressões e voltavam ao consultório para nova tentativa.
Ao contrário do casal acima, algumas culturas encaram a falta de gestação com absoluta normalidade. Aboliram de vez a criação de filhos na convivência a dois, decidindo abster-se num contrato verbal como cláusula de casamento. Possuem algumas características comuns, ganham bons salários e são mais consumistas que os colegas com crianças. Incompreendidos, são considerados rabugentos pela opção de viverem livres de rebentos.
E o mercado de consumo visualiza este segmento como um filão. Existem condomínios residenciais, como na Escócia, que é permitida a entrada de crianças apenas para visitas. Candidatos a condôminos, com filhos, são personas non gratas. Imagine o leitor, as mulheres grávidas sendo convidadas a sair do conjunto habitacional, a partir do nascimento dos bebês. “Senhoras, crianças são muito barulhentas”, dirá o síndico.
Na Europa a carência de herdeiros, transformou-se em problema sério. A Itália detém a menor taxa de fecundidade e o governo se obriga a premiar os casais com 1 500 dólares por criança nascida.
No Brasil, a média de filhos por mulher é 2,3. Acima, portanto, da taxa de reposição da população, que é 2,1. Mesmo assim, nos últimos doze anos, o número de casais brasileiros que optaram por abolir a gravidez, dobrou. De 1 milhão passou para 2 milhões. Por estes dados, chego a pensar que a inseminação artificial é um procedimento em extinção.
Custo a conceber o mundo vazio de seres humanos. O planeta solitário a gerar alimentos ficaria desconexo. Frutificar maçãs, laranjas e bananas para caírem podres do pé por falta de consumo é demais.
Povoar a terra é a função primeira da humanidade. Casais devem se organizar e repensar sobre a reprodução. Evitar a gravidez por dificuldades financeiras é desculpa esfarrapada. As gerações passadas tinham dez, doze filhos e todos tinham seu canto na mesa.
O Brasil é um pais enorme, necessitado de grande população para explorá-lo. Quando leio matérias sobre a falta de mão de obra na indústria, indicando importação de gente, me desassossego. Fico a pensar como isto é possível num país de altas taxas de nascimento.
Levantemos a bandeira da multiplicação. É saudável, desestressa e baixa a pressão alta, segundo o Ministério da Saúde.
E o melhor, eliminem a tecnologia para substituir o ato. Ao vivo com certeza é mais prazeroso.
NEM TUDO ESTÁ PERDIDO
A situação que se apresenta no Rio de Janeiro com a ocupação dos morros pela união da capacidade bélica do estado, é dramática. A Cidade Maravilhosa, plena de encantos mil, transformou-se na faixa de Gaza brasileira. Na versão tupiniquim, de um lado os bandidos organizados há décadas, tomaram as funções do estado usando o tráfico de drogas. De outro as forças de coalizão, formadas pelas Policia Militar, Civil, Exército e Segurança Nacional, na reconquista do controle e devolução aos moradores dos bens que perderam: a paz, a harmonia e a segurança para ir e vir.
É a união do estado federativo contra o crime organizado. Pelo relato nas reportagens e entrevistas, os traficantes eram comandados por esquema bem articulado, vindo dos presídios. Os chefões do narcotráfico carioca, Marcinho VP e Elias Maluco, mesmo presos, obrigavam os comandados do segundo escalão a impetrar inúmeras ações terroristas. Ônibus eram incendiados, lojas saqueadas e a população indefesa permanecia entre o fogo cruzado.
Neste momento, desarticular os bandidos é a principal meta das forças do estado. Primeiramente, há necessidade de neutralizar a disseminação das ordens dos chefões presos, desarticulando o trabalho dos chamados pombos-correios, fiéis escudeiros que levam as orientações dos presídios aos morros. Urge o afastamento dos cabeças presos e das visitas que levavam as ordens e traziam as informações dos súditos.
Assim foi decidido pelos articuladores das forças do governo. Enviaram os mandantes aos presídios de segurança máxima. Localizados em outros estados, estes centros de reclusão possuem bloqueio de celulares e isolamento de convívio, forma legal de neutralizar estes homens que nada tem a perder. Muitos são condenados a amargar dezenas de anos cumprindo penas em regime fechado.
Para desarticular os formigueiros que ameaçam o gramado de minha casa, bato veneno nos buracos de entrada. As formigas, outrora organizadas e ordeiras, seguindo uma linha reta para cortar as folhas e carregá-las para dentro da toca, fogem desarvoradas, sem plano de fuga. A preservação da espécie é o que mais conta. Lembrei disto ao assistir a correria dos bandidos. Quando as forças de coalizão do estado, com método e treinamento, dispararam o plano de ataque, a desorganização da bandidagem ficou clara. Um dos cuidados no ataque foi com relação a reposição de munição. Ao fecharem as entradas e subidas dos morros, os homens do estado garantiram a falta de armamento aos entocados bandidos. Sem chance de recarregarem as armas, sem energia elétrica, cortada após o cerco inicial e com dificuldades até para alimentação, debandaram em fuga ao alto do morro. Antes articulados, morando em casas luxuosas, com piscina e banheira de hidromassagem, abandonaram tudo correndo para fugir do confronto.
A desorganização dos bandidos contrasta com a ordem dos soldados das forças de coalizão. Ocupando o território e montando as UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, o estado garante ordem aos morros. Desmontar a ocupação dos morros pela bandidagem, desarticulando-os, desordenando suas bases, está garantida a chegada das bases de governo. Com educação, saúde e policiamento social, inicia-se o atendimento aos moradores, função primeira do estado de direito.
O governo prova que, articulado, ganha o respeito da população. O êxito das ações arregimenta o respeito e os moradores em troca, confiando na erradicação do tráfico, oferecem apoio logístico valioso.
Prova disto é a mãe que entregou o filho traficante, o Mister M, a polícia. Foi uma contribuição espontânea com o corte na própria carne para a limpeza do lugar.
A organização das polícias desordena os traficantes. O que antes era a dominação pela força e intimidação, gerando o pânico e uma falsa ordem, está sendo substituída pela organização do estado.
Com a erradicação da bandidagem, o estado tem chance de organizar os morros cariocas. Ninguém esquece que o Rio de janeiro é uma Cidade Maravilhosa.
É a união do estado federativo contra o crime organizado. Pelo relato nas reportagens e entrevistas, os traficantes eram comandados por esquema bem articulado, vindo dos presídios. Os chefões do narcotráfico carioca, Marcinho VP e Elias Maluco, mesmo presos, obrigavam os comandados do segundo escalão a impetrar inúmeras ações terroristas. Ônibus eram incendiados, lojas saqueadas e a população indefesa permanecia entre o fogo cruzado.
Neste momento, desarticular os bandidos é a principal meta das forças do estado. Primeiramente, há necessidade de neutralizar a disseminação das ordens dos chefões presos, desarticulando o trabalho dos chamados pombos-correios, fiéis escudeiros que levam as orientações dos presídios aos morros. Urge o afastamento dos cabeças presos e das visitas que levavam as ordens e traziam as informações dos súditos.
Assim foi decidido pelos articuladores das forças do governo. Enviaram os mandantes aos presídios de segurança máxima. Localizados em outros estados, estes centros de reclusão possuem bloqueio de celulares e isolamento de convívio, forma legal de neutralizar estes homens que nada tem a perder. Muitos são condenados a amargar dezenas de anos cumprindo penas em regime fechado.
Para desarticular os formigueiros que ameaçam o gramado de minha casa, bato veneno nos buracos de entrada. As formigas, outrora organizadas e ordeiras, seguindo uma linha reta para cortar as folhas e carregá-las para dentro da toca, fogem desarvoradas, sem plano de fuga. A preservação da espécie é o que mais conta. Lembrei disto ao assistir a correria dos bandidos. Quando as forças de coalizão do estado, com método e treinamento, dispararam o plano de ataque, a desorganização da bandidagem ficou clara. Um dos cuidados no ataque foi com relação a reposição de munição. Ao fecharem as entradas e subidas dos morros, os homens do estado garantiram a falta de armamento aos entocados bandidos. Sem chance de recarregarem as armas, sem energia elétrica, cortada após o cerco inicial e com dificuldades até para alimentação, debandaram em fuga ao alto do morro. Antes articulados, morando em casas luxuosas, com piscina e banheira de hidromassagem, abandonaram tudo correndo para fugir do confronto.
A desorganização dos bandidos contrasta com a ordem dos soldados das forças de coalizão. Ocupando o território e montando as UPPs, Unidades de Polícia Pacificadora, o estado garante ordem aos morros. Desmontar a ocupação dos morros pela bandidagem, desarticulando-os, desordenando suas bases, está garantida a chegada das bases de governo. Com educação, saúde e policiamento social, inicia-se o atendimento aos moradores, função primeira do estado de direito.
O governo prova que, articulado, ganha o respeito da população. O êxito das ações arregimenta o respeito e os moradores em troca, confiando na erradicação do tráfico, oferecem apoio logístico valioso.
Prova disto é a mãe que entregou o filho traficante, o Mister M, a polícia. Foi uma contribuição espontânea com o corte na própria carne para a limpeza do lugar.
A organização das polícias desordena os traficantes. O que antes era a dominação pela força e intimidação, gerando o pânico e uma falsa ordem, está sendo substituída pela organização do estado.
Com a erradicação da bandidagem, o estado tem chance de organizar os morros cariocas. Ninguém esquece que o Rio de janeiro é uma Cidade Maravilhosa.
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