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Na
aproximação do ano 2 000, o planeta foi bombardeado por dúvidas sobre a virada
do milênio. Empresas, principalmente fabricantes de computadores, lançaram
profecias de que a informática embarcada em toda as áreas de atividades, entraria
em colapso e equipamentos, despreparados para esta “virada do milênio”, gerariam
problemas impossíveis de prever. Ainda segundo os alarmistas, o homem passaria riscos
reais com aparelhos dependentes de datas eletrônicas. Grandes empresas, governo
incluído, entrariam em colapso. Passar de 1999 a 2000 seria tão sério
que se transformaria no maior pesadelo do novo milênio com caos total em arquivos
financeiros, cadastros de pessoal ou até, no caso de usina nuclear, vazamento
da radioatividade. Obstinados, aconselhavam adiamentos de cirurgias a meia
noite de 1999. Instalado o medo coletivo, foi criado o termo BUG DO MILÊNIO
para a catástrofe e a Administração Pública aconselhou os órgãos a criarem
comissões e evitassem alarmar a população.
Na
época trabalhava na área de informática pública onde, como em tantos outros
órgãos, a maré do BUG dominou as atenções. Consultores de “renomado” saber
aconselharam a contratação de empresa especializada para ficar livre dos
problemas. Elas sim, teriam a tecnologia necessária para minimizar o que
pudesse ocorrer. E assim, ao final do relatório, indicaram uma “empresa
idônea”, logo chamada para se manifestar. Não prometia zerar a possibilidade de
catástrofe, porque o problema era muito sério mas, conforme pregavam “minimizariam”
no que fosse possível. Aos poucos, mesmo após
problemas ocorridos, continuariam a prestar serviços, mediante desembolso mensal, por tempo indeterminado,
até que tudo fosse resolvido. Criou-se
comissão para estudar riscos e soluções do problema. O medo da
catástrofe ou coisa mais forte pesava a favor da contratação. Mas havia voz
contrária: a minha.
Meu
raciocínio era simples como o velho exemplo do ovo de Colombo. Como empresas de
tecnologia avançada, como os fabricantes de computadores, ou alta tecnologia não
preveriam a mudança? Que empresas eram estas que, fabricando computadores na
década de 90, negligenciariam a mudança do milênio? Meu veredicto era único e
ia na contra mão dos “desesperados” : NADA IRÁ ACONTECER. E espalhava pelos
corredores que tudo correria sem traumas. Basta soltar fogos a meia-noite de 31
de dezembro de 1999 e pronto, comemorar o ano novo, sem susto. Como era o único
contrário a muitos interesses, fui ficando de lado.
E
aí aconteceu o inesperado. O presidente do órgão público ouviu falar da teoria e
me chamou para conversa reservada. Quando terminei de falar, perguntou se tinha
certeza, já que haviam órgãos públicos que teriam investido milhões em empresas
“salvadoras” do colapso. Respondi que tinha certeza. Pediu-me que fizesse um
relatório, o qual entreguei no dia seguinte. Ainda temeroso, pediu nova
confirmação e afirmei que poderia dormir tranquilo. No mesmo dia cancelou a contratação
dos “salvadores”, o que gerou grande barulho, que não o intimidou. A pressão
que deve ter enfrentado, imagino qual tenha sido, mas continuou firme.
O
dia chegou, o milênio virou, participei do plantão do “Bug” e tudo correu
conforme previra.
A
partir do dia seguinte, iniciou-se abafa nacional, pois muito se gastou com o evento
e o assunto deveria ser esquecido o mais rápido possível. Quem trabalhava com
tecnologia sabe o quanto se gastou. Muitos técnicos preferiram se omitir,
vencidos pela forte voz da pregação dos senhores do caos.
Agora
vem notícias do fim do mundo dia 21 de dezembro. Não sou profeta, nem tenho conhecimento
para manifestar opinião. No máximo, arrisco repetir a teoria da vó Joana que, quando alguém perguntava
sobre o assunto, respondia com a simplicidade de imigrante pobre e italiana,: “
DEIXEM DE BOBAGEM, O MUNDO SÓ ACABA PARA QUEM MORRE”.
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