(Google Imagens) |
Frequentemente
viajo a Porto Alegre e por isso identifico dois tipos de habitantes, quando o
tema é a violência. Há os que vivem presos dentro de casa, intimidados com notícias geradas
pela televisão, jornais e revistas. Deslocam-se ao trabalho e voltam correndo a
casa onde se aferrolham por trás de trancas, cercas elétricas e, alguns moradores
de condomínio, se entregam a vigilância armada, espreitando pelas frestas o
mundo lá fora. Os outros são os que mesmo sabendo de tudo, ignoram, acreditando
que nada lhes acontecerá, desde que sigam o exemplo dos escoteiros e fiquem
“sempre alerta”. Com certo cuidado, seguem a vida normal. Pertenço ao segundo
time. Quando chego à cidade, procuro despir-me dos medos, porque entregar-me é
ficar preso dentro de casa, acreditando em uma realidade assustadora formatada pelos meios de
comunicação. Transito pelas ruas, de ônibus como nos velhos tempos que morava
na cidade ou de carro, procurando locais para diversão. Durante o dia, a pé, miro
a bela paisagem do Guaíba onde nos
tempos de adolescente nadava e pescava lambaris que vó fritava para o
almoço.
Hospedo
na casa de mãe na zona sul e por lá mesmo percebo a multiplicação dos enclausurados.
As cercas elétricas emendam umas as outras e chego a conclusão que vivo em uma
situação irreal, baseada nos anos que por lá era tranquilo de viver. Às vezes
tenho a sensação que pouco conheço sobre a realidade de Porto Alegre.
Muitos
moradores de hoje não conheceram a zona sul quando totalmente aberta aos
moradores, e com vizinhos tomando mate e conversando sentados nas calçadas. São
pessoas que economizaram muito para aquisição de suas casas e acabaram escravizadas
dentro delas. Só saem para outra clausura, a dos shoppings. E assim entram no
círculo vicioso de trabalhar para consumir. Neurose que está levando os
moradores a desconhecerem quem mora ao lado. Porque lugar para consumir em Porto
Alegre é o que mais tem. Sem contar os pequenos, são cerca de dez shoppings entre
médio e grande porte. Conto por baixo,
pois alguns nem conheço. Nos bairros, pequenos shoppings com seguranças e
estacionamento para o conforto dos frequentadores, mas também ali, impera a
sensação da clausura.
Leio
um artigo no jornal local que Porto Alegre foi roubada dos Porto-alegrenses.
Pura verdade. A capital está reclusa. Além do laser, as compras se restringem
aos shoppings. Quem hoje vai ao centro comprar uma camisa, calça, sapatos ou
aparelhos eletro/eletrônicos? Nem sei como sobrevivem estas lojas.
Em
Brasília, vivo acostumado a frequentar shopping. Desde que decidi morar na
capital federal, em 1974, é o único local que a maioria do brasiliense conhece para
comprar. Só me dirijo ao comércio de entre quadras para adquirir pregos,
parafusos ou achar um sapateiro. De resto, frequento os mega comércios, pois
Brasília assim foi construída, para os habitantes não terem o trabalho de
caminhar para consumir. Aliás, foi na capital federal que conheci shopping,
como também acostumei a locomover apenas de carro tal o descaso com transporte
coletivo, pois a capital federal foi propositalmente concebida para o
automóvel. O que não entendo é como Porto Alegre, que possui bom sistema de transporte,
seja surrupiada dos habitantes pela bandidagem.
Escrevo
sobre isto para deixar claro que nego enclausurar em Porto Alegre. Só vou a
shopping quando é preciso e para levar mãe para passeio seguro, banheiros
limpos, alimentação diversificada, possibilidades de compras sem atropelos e onde
inexistem degraus de calçadas para tropeçar.
Ao
contrário, prefiro passeios por Ipanema para vigiar o por do sol que continua
lindo e exercitar na Avenida Diário de Notícias. À noite, frequento os
barzinhos ou vou a algum clube de dança, que por lá existem muitos. Prefiro
curtir a sensação de segurança, talvez pelo tempo afastado da capital gaúcha o
que provoca falsa imunidade que pretendo cultivar. Afinal, tenho meus direitos
de ir e vir na capital gaúcha.
Olá, Tassinari! Tudo bem? Embora o meu esposo seja de Porto Alegre, ainda não a conheci. Mas, tenho muita vontade de conhecer os seus encantos e não os desencantos... Risos. Enquanto isso não acontece, vamos tomando chimarrão aqui na capital brasileira mesmo! Forte abraço!
ResponderExcluirOi Poly, é isto mesmo, Porto Alegre merece ser conhecida pelos encantos. Pelas ruas concorridas e gente apressada, pelas belas paisagens e hospitalidade. Serão bem recebidos em solo gaúcho. Abração.
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