(Google Imagens) |
Nada
era como hoje. Brasília não tinha semáforos e as diversões se restringiam aos
churrascos em finais de semana na chácara de alguém ou ao pé das cachoeiras,
silvestres e seguras.
Em
finais de semana as ruas eram vazias de carros e gente. Poucos bares e
restaurantes divertiam os que viviam por aqui. Nas quadras, os moradores faziam
festas privadas e aqueles com filhos menores, programavam reuniões para
aumentar os círculos de amizade.
Os
cinemas eram poucos e as boates raras, das quais lembro do Xadrezinho em frente
ao clube Cota Mil e do Tendinha, perto do Hotel Nacional. Namoro mesmo, para
valer, era na fonte luminosa, onde tudo começava e terminava durante as sessões
de cine-driven, dentro do Autódromo.
O Lago Norte era puro matagal. Certa vez, levado debaixo de chuva por corretor até terreno para comprar, tivemos que
seguir bom pedaço a pé. Na volta, embarrado até o pescoço e cansado nem quis
falar sobre o assunto e, com dinheiro suficiente para comprar o terreno, decidi
pela aquisição de um fusca na Concessionária Valença do posto da Torre. Nem com
o corretor pagando refeições no restaurante di Roma do Setor Comercial Sul, fui
dobrado para adquirir o imóvel. Hoje um terreno naquela localização, daria para
comprar três Mercedes. Sem queixas, porque a vida destrata os arrependidos.
Prefiro
a capital de hoje, com cara cosmopolita. Cheia de gente, engarrafamento e plena
de atividades, pois o tempo que sobrava naquela época geralmente era mal
consumido.
Brasília
é jovem senhora, plena de sedução, ainda infantil e doce nos seus 50 anos. Aqui
faço minha vida, moro, trabalho e divirto. Acostumei com as mudanças no corpo
desta moça. Das retas e curvas que, por mais que os governantes mudem o
traçado, nunca perderá o esplendor e graça. As autoridades perdem o poder no
vai e vem político e a cidade permanece altiva e serena, guardando no seio a nova geração nascida no solo ardente, que
cuidará da mãe gentil com zelo.
Lembro de Brasília em 1969. Quietude e harmonia foi encanto a 1ª vista. O aeroporto militar ainda de madeira, a catedral no concreto e ainda sem vidros, poucos ministérios; o Colégio Setor Leste, público e de excelência; os redemoinhos de vento faziam papéis e folhas rodopiarem sua paragem; a W3, avenida apaixonante, e movimentadíssima etc. 1970 chegada da seleção brasileira e a taça Jules Rinet desfilando, no calmo, Eixão. São muitas as recordações...
ResponderExcluirO espanto foi quando encontrei os primeiros quero-queros. Aves da região sul do Brasil, começaram a chegar tímidas e hoje são vistas por toda cidade. Basta um campo e lá estão os casais, territoriais e possessivos com seus filhotes. Guardiões fiéis dos ninhos e das crias.
ExcluirNão conheço Brasília, mas está nos planos. Gostei do texto e das seleções. Depois retorno para ler com calma.
ResponderExcluirAgradeço pela adição. Que 2013 seja piedoso e proveitoso.
Volte sempre, será bem vinda.
ExcluirAposto um fio do seu bigode que o fusca te trouxe muito mais alegrias do que a compra do terreno.
ResponderExcluirO terreno me ancoraria no chão e o fusca ao contrário, me soltou no mundo. Muito melhor mesmo.
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