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domingo, 22 de dezembro de 2013

QUARENTA ANOS DEPOIS

(Linhares - Arquivo pessoal)
.“... Céu é o lugar poético onde estão guardadas as coisas que a gente ama e o tempo nos roubou. Falar "céu" é dizer "esperança de reencontro.” (Rubem Alves).


Final de ano é tempo de reencontros. Turmas de faculdade, de trabalho, de primeiro e segundo graus, de vizinhos, enfim, pessoas que conviveram de alguma forma têm a curiosidade de rever antigos companheiros e trocar informações sobre trajetórias de vida.
No dia vinte de dezembro ocorreu o reencontro com amigos do DENTEL - Departamento Nacional de Telecomunicações. Os anos de convivência foram entre 1974 e 1981, ainda durante o regime militar. Éramos funcionários de vários órgãos do Departamento, e fomos unidos pelo destino em torno de uma motivação desafiadora: implantar sistemas informatizados nos cadastros manuais. O trabalho hercúleo iniciou após um curso de formação na COBRA - Computadores Brasileiros S.A., no Rio de Janeiro.
Usando tecnologia atualizada, criei um grupo Whatzapp e iniciei o garimpo dos colegas. Em quatro dias contava com oito pessoas no grupo e o telefone de outros nove que não usavam o aplicativo. A partir daí, ficou fácil. O pessoal se mobilizou e o encontro aconteceu, totalizando doze participantes. Compareceram Moacir e Mali, Gelson e Divina, Hélio e Bela, eu e Malu, Marisa, Irani, Dioney e Helane. A tônica da conversa foram os anos de convivência, as atividades, as agruras e a superação de obstáculos.
Passagem por doenças, falecimentos de entes queridos e dores foram compartilhadas em irmandade, como se nunca houvéssemos nos separado. A vida encerrou-se prematuramente para três companheiros que poderiam estar presentes e que foram lembrados com respeito e amizade: o Nelson, o Deolindo e o Cláudio.
Na memória, momentos pitorescos, como as festas de São João em minha chácara, onde todos colaboravam. Em uma delas, o Deolindo responsabilizou-se por levar o aparelho de som. À meia-noite, cansados de esperar por ele, contratamos um sanfoneiro que além de bêbado, nada sabia de repertório junino. Tocava apenas uma melodia na sanfona de fole furado que mais soprava vento que som, mas possibilitou a animada quadrilha. Deolindo chegou no dia seguinte com o aparelho de som e passou o resto da tarde, tentando ligá-lo à bateria do carro. Após várias tentativas frustradas e duas baterias em curto, chamamos novamente o sanfoneiro e seguimos com a festa até o dia seguinte. Eram festas que geralmente varavam noites e os participantes dormiam em redes pela sala e varanda.
Para quem compareceu ao reencontro no restaurante Xique-Xique da Asa Norte de Brasília, a sensação é de que a vida, por mais difícil que seja, deve ser levada com alegria, pois se houve momentos penosos, também aconteceram os de contentamento. Após quarenta anos, este foi o primeiro reencontro do grupo. Com o sucesso, outros participantes virão e, com certeza, novas conversas a compartilhar.


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