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Assim acontece com o jovem da história. Ela na parada de ônibus do SESC da 505 sul entrando em um taxi e ele preso no engarrafamento colossal da avenida W3 em um dia de setembro com dez por cento de umidade relativa e temperatura beirando trinta graus. Valdir baixa o vidro escuro do Gol e comenta algo ao taxista. A resposta nem percebe, importante é a jovem que consulta nervosa o relógio sentada no banco de trás. O coração dispara.
Com o trânsito parado, sai de seu carro, abre a porta do taxi e senta ao lado da moça, sob protestos do profissional. Ela reage timidamente ao interlocutor audacioso. Pergunta o nome e ela fala o primeiro que vem a cabeça, o mesmo usado na internet quando prefere ficar anônima, Alice. Depois de uns quinze minutos de conversa, o trânsito recomeça a andar e Valdir oferece carona. Confere as horas, admite estar atrasada e aceita a oferta. Fala da prova na UNB enquanto o rapaz paga o taxi e a conduz pelo braço a seu carro, que a estas alturas, atrapalha o trânsito que flui normalmente.
A conversa segue fácil até a Universidade. Para Valdir a entrevista de emprego está perdida e o rapaz gentil se prontifica a levá-la de volta. A jovem aceita, abre a porta do carro e desce correndo rumo ao prédio da Filosofia.
Após rodar um bocado atrás de vaga, Valdir, retorna ao local onde deixou Alice e espera por quatro horas, tempo suficiente, acredita, para o término da prova. A moça não aparece e ele se desloca ao prédio do curso. Solicita informações. O pouco que sabe é insuficiente para garantir novo encontro. Constata que Alice não consta na relação de alunos. No caminho de volta, se culpa por perder a oportunidade de pedir o telefone, endereço, qualquer coisa.
No outro dia e por um mês completo, deparou-se a espiar o local do primeiro encontro. Até hoje, lá vão dez anos, ao passar a parada de ônibus do SESC, onde a viu pela primeira vez, a procura entre os pedestres.
Na época, trocou o curso de Engenharia do Uniceub pelo da UNB. Completou o curso de Filosofia, o mesmo da jovem. Casou, teve dois filhos. Hoje, separado, declara aos amigos que só casa novamente se for com Alice.
“Até as pedras se encontram!” – Afirma e explica. “Meus pais se conheceram em um aeroporto na Europa, ambos em conexões”.
O inesperado é o que fascina..Hoje mais do que nunca precisamos olhar andamos ausentes de nós!
ResponderExcluirOs olhos estão turvos de tanta informação inútil. Obrigado pelo comentário.
ExcluirProvavelmente todos nessa fila esperam suas conexões, sejam elas quais forem. O amor acontece assim mesmo, de forma inesperada, às vezes a partir de movimentos simples, como um discreto sorriso entre uma conexão e outra nesse aeroporto gigante chamado vida.
ResponderExcluirBem percebido, Fátima. O encontro fortuito de quem vai a Pirapora e outro que parte para Cingapura.
ExcluirHá pessoas que nos marcam por toda uma vida, mesmo num breve encontro...fica a lembrança de um olhar, uma palavra carinhosa...
ResponderExcluirAs lembranças são a prova de que vivemos intensamente, sem arrependimentos.
ExcluirA vida às vezes nos reserva encontros inesperados e fugazes, mas intensos e inesquecíveis.
ResponderExcluirMomentos que nos envolvem com paixão.
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