Shopping COLOMBO-Lisboa (arquivo pessoal)
Tudo que começa, termina e assim acabou a aventura de visitar Portugal, conhecer a estrutura de transportes, os pratos saborosos, os vinhos, as maneirices dos habitantes e os turistas. Encontramos gente de todas as partes do mundo que visitavam o país, de gente hospitaleira e forma peculiar de ser e falar. E conhecemos muitos brasileiros que por motivo ou outro trocaram o país natal para residir na Europa.
Ani (Daniani), paulista com cerca de 30 anos, estava na fila quando Malu e eu comprávamos passagens para retornar a Lisboa. Iria também. O tempo era curto e o balconista aconselhou tomar taxi para, na estação Coimbra-2, embarcar no trem - bala rumo a capital, nosso último destino no país. Ao ver dois conterrâneos atrapalhados, Ani propôs rachar o taxi, solução bem brasileira para economizar a corrida.
Natural de São Paulo, moradora da Áustria, a moça participara do Congresso de saúde do qual Malu fez a conferência em Coimbra. Por curiosidade perguntei como foi parar no país tão distante, de língua difícil como o alemão. Ani disse que foi mistura, “coisas do coração com destino.” E contou. Morava em São Paulo, cursava enfermagem e vivia com os pais que certo dia ofereceram a residência para intercâmbio. Abriram possibilidade a um estudante estrangeiro residir no Brasil enquanto cursasse universidade paulista. Assim, chegou à casa um jovem engenheiro civil austríaco para residir durante o mestrado. Foi amor a primeira vista. Ao retornar, deixou o coração no Brasil, bem cuidado por Ani. Como a longa distância tornara-se um martírio, casaram-se e foram para a Áustria.
Se correrias para identificar vagão de trem e embarcar é angustiante, imaginem somado a malas, mochilas e sacolas. Pois Ani ajudou acomodar tudo no maleiro e a nós, nas poltronas. A ajuda foi importante e aliviou o estresse estampado nos rostos devido a bagagem, a trens velozes, e embarques nos labirintos das estações. Ajudou inclusive o desembarque em Lisboa. E mais, nos convidou para visitar a Áustria. Espero que leia este texto e envie e-mail para contato.
Almoçamos carregados com malas e demais apetrechos no shopping Vasco da Gama, as margens do rio Tejo acompanhados por gaivotas que brincavam de escorregar no telhado de vidro do restaurante. Fomos servidos por jovem paranaense, casada com catarinense. Há muitos brasileiros em Portugal, oh, raios!
No caminho para o hotel, o taxista desfiou um rosário de queixas. Falou do limite de produção do país ditado pela Comunidade Econômica Européia; de Portugal ter de comprar tudo de fora; que as companhias de obras de rua fazem buracos no asfalto e depois os fecham com preguiça. E enalteceu o Brasil falando ser auto-sustentável, desde o petróleo até aço, ferro, comida. A conclusão da conversa é que o país do vizinho é sempre melhor que o da gente.
Chegando ao hotel, contratei empresa de turismo para os passeios por Lisboa no dia seguinte e fomos para o metrô. Descemos no Shopping Colombo, vizinho ao colossal estádio do Benfica. Imaginei a região em dia de clássico.
Às vésperas do retorno ao Brasil, passeamos em ônibus de excursão, explorado por uma das duas únicas empresas prestadoras do serviço na capital portuguesa. Parece até monopólio, mas achei o preço de 30 euros por pessoa, justo, pois inclui passeios durante 24 horas a passageiros que podem descer e tomar os ônibus em qualquer ponto. Inclui ainda as linhas em operação na cidade com os mesmos passes.
Conhecemos monumentos históricos como o forte de Belém, o Museu Arqueológico, o Mosteiro de São Jerônimo e os monumentos erguidos aos grandes descobridores. Portugueses homenageados no país com enormes estátuas como Vasco da Gama, Infante Dom Henrique, Cristóvão Colombo e por aí vai.
No centro de Lisboa, o almoço constou de sardinhas fritas e a digestão aconteceu caminhando entre monumentos e demonstrações de artistas que imitavam estátuas vivas, como o soldado armado, o cavaleiro sedutor e o recordista do Guiness Boock que se equilibrava no ar. Procurei a explicação e um garçom de restaurante que ali permanecia desde cedo, desmistificou o equilibrista. Confidenciou que havia armação de ferro muito bem elaborada a segurá-lo.
Portugal estava desvendado. Visitá-lo em outra ocasião estará sempre nos planos. Malu e eu voltamos exauridos de cansaço, mas satisfeitos em praticar turismo por conta própria, permanecendo sem atropelos o tempo necessário em cada local visitado. Portugal é matriz da história brasileira. Queiramos ou não estamos atrelados àquele país.
Como diz um amigo meu, “viaje com alguém e descobrirá os defeitos e virtudes da pessoa”. Pois Malu e eu fizemos bom par. Toda programação foi executada a dois, sem que pesasse para nenhum em particular. A relação de viagem a tornou uma aventura instigante, exploratória e econômica em todos os sentidos.
Para os viajantes os votos de que o (a) parceiro (a) ou companheiro (a), também goste e tenha bom humor para enfrentar situações por vezes muito adversas.
Aos leitores e amigos que acompanharam as peripécias, resumidas em cinco partes, agradeço e espero continuar recebendo suas visitas ao blog, acompanhando as publicações semanais.
Oi Marco,
ResponderExcluirQue bom acompanhar através de seus textos, sua descobertas, sua visão do que vivenciou na Terra de Camões:)
E melhor ainda, por saber que sua namorada, se mostrou uma boa companheira. Também partilho da opinião de seu amigo, que para descobrir a real essência de uma pessoa, viaje com ela.
Espero que esta seja a primeira de muitas que virão, para vislumbrar e descobrir os encantos do velho mundo.
Um abraço,
Lílian
Viajar é conhecimento na forma mais natural e real. Abraço.
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