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sábado, 27 de novembro de 2010

ETERNO RECOMEÇO


Pais são os mais incomodados durante a fase da adolescência. Em determinado dia, ao se depararem com os filhos trancados no quarto, os taxam de chatos. Quando ouvem os rebentos sair para os primeiros vôos solos, acusam-nos de brigões. Pois é, vale o ditado dos avós: quem casa e tem filhos ganhou o pacote completo, encrenca e problemas para o resto da vida.

O pior é que as pesquisas não mentem: a adolescência se prolonga podendo passar dos 20 anos. É comum encontrar jovens adultos beirando os 30 anos, solteiros, morando com os pais. Afinal, a casa tem comida e roupa lavada. No máximo, se trabalham, colaboram na conta de luz, água ou condomínio.

Mas nem tudo está perdido. Graças ao ímpeto de crescimento e busca de independência de alguns jovens o mundo cresce, a vida acontece e as mudanças ocorrem. O risco faz parte do crescimento. E quem desconhece o mundo da insegurança, não vence o medo do incerto. A situação de conforto remete a mesmice e a satisfação ilusória que tudo está bom. Enfrentar o novo é característica dos jovens e ninguém tem o direito de privá-los disto. Os mais velhos se acomodam e temem o desafio da mudança. Perdem o melhor da festa que pode acontecer em outro lugar.

Será que manter o filho em casa, dilatando a adolescência, suprindo as necessidades, não os engessa para a vida e enfraquece o élan da luta?

Estive em Itacaré, no feriadão de outubro, onde convivi tanto com nativos baianos, quanto com emigrantes. Gente de outras cidades que largaram o conforto e seguiram em busca do novo. Ouvi depoimentos ricos em experiência de vida. Como o caso de um jovem de cerca de 35 anos, o Paulo de Tarso, casado e com um filho. Afirmou que na capital paulista vivia hipertenso, a mulher com síndrome do pânico e o filho de apenas cinco anos, na frente do videogame, com medo das ruas. Garantiu que em dois anos na cidade baiana abandonou os remédios para pressão alta, a mulher acabou com os problemas psicológicos e o filho passa o dia andando de bicicleta nas vias da cidade.

Outro caso é o de uma mulher com aproximadamente trinta anos, também casada, ex-gerente de banco na Avenida Paulista. A moça largou o cargo, o alto salário e mudou-se para Itacaré. Montou loja de artesanato e jura que a qualidade de vida melhorou sensivelmente. Confessou ganhar menos, mas viver melhor, pois os gastos na cidade interiorana são irrisórios.

Por outro lado, não encontrei na cidade ninguém com mais de 50 anos que tenha tomado decisão tão radical. A não ser aposentados com recurso financeiro e remuneração para garantir o conforto. Buscar novidades e lutar pela sobrevivência são verbos inerentes a juventude.

Mas creiam, em alguns aspectos, as coisas podem estar mudando. Na aposentadoria o ganha-pão está garantido e a busca, diferentemente dos jovens, é por outros atrativos. É comum a troca de modelo de roupa, de corte de cabelo, de cidade e até de parceiros.

Já perdi a conta de quantos amigos mudaram suas vidas Outro dia, recebi um convite de casamento da ex-mulher do Abílio. Uniu-se a outro companheiro acabando o casamento de quarenta anos com meu amigo de faculdade.

Será a Rumspringa da terceira idade?

OBS.: Rumspringa se refere a um período da adolescência; uma subseção do movimento anabatista cristão, que começa aproximadamente aos dezesseis anos de idade e termina quando o jovem escolhe a companheira para casar.

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