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domingo, 2 de junho de 2013

ARAXÁ - Local onde primeiro se avista o sol

(Museu de D. Beja e da cidade - arq. pessoal)
Dona Beja tem histórias de luta, projeção social e conquistas em Araxá, recheadas de amor, sensualidade e ternura. Mulher analfabeta escandalizou a sociedade tornando-se mãe-solteira duas vezes. A primeira em Paracatu, onde morou ao ser sequestrada pelo ouvidor Joaquim Inácio Silveira da Mota com apenas 14 anos de idade e a segunda com um padre de Araxá, que reconheceu a filha, forçado por Beja. Ainda de Paracatu, a mulher de personalidade forte, foi responsável pela reconquista a Minas Gerais do território do Triângulo Mineiro, anexado que estava ao estado de Goiás. Prova de prestígio da bela mulher, o museu montado em sua casa no centro da cidade, abriga também o Museu do Araxá.

Além de Beja, Filomena por razões bem diferentes também deixou a marca na história araxaense. Pobre e
(Santuário de Filomena - arq. pessoal)
escrava de capitães de engenho, a mulher teve a infelicidade de adquirir varíola. Sabedores da condição mortal e contagiosa da doença, os patrões convenceram a todos que para livrar do mal era necessário enterrar a doente até o pescoço. Assim permaneceu até morrer, desprovida de comida e água, face ao temor de contágio. Sepultada fora da cidade, passou a atrair peregrinação de fiéis que lhe creditavam curas miraculosas. Para proteger o jazigo, construíram singela igreja transformada em local de orações e reverências. Responsáveis pela preservação do santuário garantiram que quem “troça” da escrava, sofre punições. “Certa vez, um homem saiu gargalhando do templo e caiu da bicicleta e outro após fazer piada, entrou no carro e bateu em uma árvore”. Na construção ao lado, há exposição de fotos e relatos manuscritos das graças alcançadas. “Filomena tem processo de canonização no Vaticano” garantiu o zelador.


(Árvore dos Enforcados - arq. pessoal)
A procura pela Árvore dos Enforcados foi intensa. Somente no segundo dia, após visita ao Cristo, réplica miniaturizada do grande Redentor do Rio de Janeiro, um senhor que passava indicou a galhada.  Em um elevado, majestosa e seca, a árvore se projeta silenciosa, parecendo esconder o passado misto de glórias e infortúnios. Palco do enforcamento de dois escravos acusados de matar o patrão virou atração pelo choro do tronco. Moradores garantiram que os galhos frondosos, faziam barulhos assustadores nos dias de vento. Hoje com dias contados, jaz o gigante morto que logo adubará o subsolo, seu destino final. Nem o botânico expert em revitalização de árvores, foi capaz de reviver a árvore. O ciclo de vida se cumpre após duzentos anos.

O Grande Hotel é imponente e passeio obrigatório. Oferece banhos com água e lama sulfurosas e
(Grande Hotel - arq. pessoal)
massagens aos dispostos a desembolsar boas quantias. Inaugurado em 1944 por Getúlio Vargas, teve o paisagismo composto por fontes, lagos e jardins executados por Burle Marx. O projeto arquitetônico segue edificações espanholas, lembrando obras de países como Colômbia e Venezuela. Mas a maior das obras a Natureza se encarregou de executar exposta na trilha da fonte Dona Beja. Uma árvore no topo do muro, cujas raízes para reforçar a base, descem externas ao paredão. Belo exemplo de simbiose, entrelaçadas em proteção mútua.


(Atente para as raízes - arq. pessoal)
O centro de Araxá deve ser observado em detalhes. Na parte superior da praça central, da majestosa igreja Matriz se avista o Cristo no alto do morro, “braços abertos sobre a cidade”. Ao descer a avenida, faixas de pedestres, elevadas cerca de vinte centímetros do nível da rua, ordena o trânsito e obriga veículos a trafegarem vagarosamente. Ao final da rua central, no amplo canteiro, o teatro e a fonte luminosa. Cynthia, diretora do Teatro Municipal, garantiu que há vários projetos culturais inter-secretarias em execução. A  disposição do turista, além do roteiro tradicional, filmes no telão e representações teatrais gratuitas. Basta consultar a programação mensal.
A cidade demonstra preocupação com turistas e moradores. Gera conforto e preserva a memória.

(Abraço a Araxá - arq. pessoal)
(Centro - arq. pessoal)


2 comentários:

  1. Que delícia poder reviver Araxá. Já havia esquecido de muita coisa. Muito bom. Grata!

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    1. Foi uma viagem muito interessante que proporcionou conhecer pessoas hospitaleiras e com o inconfundível jeitinho mineiro uai. Para quem teima em conhecer outros países e ainda não conhece cidades nossas como Araxá, deixo algumas sugestões neste blog.

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