(Cumbuco-CE - Arquivo Pessoal) |
Como
diria Ana Miranda, poeta cearense,
E quando ali retornarmos
Verás que nunca nos fomos
Pois o lugar onde estamos
O lugar onde estaremos
É sempre o lugar que somos
Verás que nunca nos fomos
Pois o lugar onde estamos
O lugar onde estaremos
É sempre o lugar que somos
Assim
reencontrei o litoral cearense, após dois anos. Desta vez, foram quatro dias
intensos de emoções, conhecimento e restauração de energias. Compartilho com
quem gosta das pequenas coisas da vida e que, como eu, julgam ser as verdadeiramente
importantes.
(Pousada Ondas do Mar - Arquivo Pessoal) |
Meus
planos desta vez era conhecer Paracuru, praia distante de onde estávamos apenas
30 quilômetros .
E isto aconteceu no segundo dia. Na ida, querendo economizar tempo aventurei-me
em estrada de terra pedregosa e poeirenta, mas alternativa de atalho
substancial. O que nos deu chance de fazer a foto de um cajueiro, entre as
centenas existentes em plantação nativa. Malu e eu fomos ciceroneados por Karina,
minha filha que mora na praia de Taíba e o namorado Nacélio. Ao chegar a
cidade, na primeira oportunidade, colocamos os pés na água e constatamos a
temperatura extremamente confortável. Enquanto o sol contornava em volta da
barraca do Kaká, sem nos atingir, conversávamos embalados pela brisa amena que
amansava o calor abrasador. O céu carregado de kitesurfs com suas pipas
amarelas, lisas, estampadas, desenhadas, amarelas, azuis ajudava ao assanhamento
dos turistas de várias idades e nacionalidades, ávidos de usufruir da boa vida tropical.
Casquinha de caranguejo foi a entrada, acompanhada de refrescante caipirosca e porções
de camarão, dos grandes. No almoço, um delicioso dourado com saladas. Postas
fartas preparadas com esmero. O cachorro ao lado da mesa cansou de esperar e
foi embora, certamente percebeu que daquele mesa não teria sobras. Sem pressa, alongamos
o papo por pelo menos seis horas. Esticamos ao máximo, pois sabíamos que cada
minuto era importante considerando o pouco tempo de estada em solo cearense. Saímos
de Paracuru ao entardecer e paramos em uma lagoa para conhecer e tomar água de
coco. Logo fomos cercados por famílias de ovelhas protegidas por um bode
ranzinza que me encarou várias vezes, gansos, patos e um pavão que teimou em
deixar o longo rabo colorido fechado. Durante todo tempo acompanhamos a sedução
de um peru, este sim de rabo aberto em leque, que de nada adiantou pois a perua
estava firme no propósito de manter a guarda fechada. Ao anoitecer, retornamos
a Taíba para tomar açaí na tigela, a delicia do norte/nordeste. O retorno
aconteceu pela estrada asfaltada, claro, pois de poeirão bastou a ida.
(Altar em Cumbuco - Arquivo pessoal) |
No
terceiro dia, Malu e eu testemunhamos o casamento de filhos de amigos de
Brasília na praia do Tabuba, em Cumbuco, distante 30 quilômetros de
onde estávamos, sentido retorno a Fortaleza. A cerimônia foi montada em um altar
simbólico e singelo, com galhos de árvores nativas fincados a beira mar. Emoldurando
a cena, um belíssimo por do sol e alguns surfistas que cortavam ondas em
pranchas velozes. No céu, pipas de kitesurf ondulavam em vai e vem lento. A
noiva, com o mais belo dos calçados, os próprios pés, bailava com o vento e com
a felicidade que só as noivas sabem e comentou que “não cabia em si mesma de tão
contente”. Transbordava a alegria para convidados, na grande maioria, viajantes
que deslocaram cerca de dois mil quilômetros participar do evento paradisíaco. Ao
final da festa, o noivo, com o calor que fazia, dispensou o paletó e abriu os
botões da camisa, celebrando o clima de descontração emprestado a festa. Uma
bela e ao mesmo tempo singela cerimônia que satisfez os gostos mais exigentes,
com simplicidade, carinho e alegria.
Ao
final da festa, retornamos a pousada. À nossa direita, fomos homenageados pela noite do Ceará, que ofereceu a lua a pratear
o mar, a estrada e a vegetação durante todo caminho de volta.
O
dia seguinte amanheceu mais bonito que os outros, como se fosse possível. Tomamos café, tiramos algumas
fotos finais com Karina e o namorado na pousada onde residem e, duas horas
depois estávamos no aeroporto de Fortaleza. A aventura chegou ao fim. O
sentimento é de tempo bem aproveitado. Constatamos
que temos tudo para conhecer lugares e pessoas interessantes. Basta boa
vontade, olhos abertos e disposição. Lugar de descansar é em casa. Todos os
minutos foram curtidos por inteiro e os compartilho tal e qual ocorreu.
Espero
que o litoral resista a erosão crescente, provocada pelo oceano e pelas areias
que tomaram várias obras a beira mar.
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