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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Baile de máscaras de (Nova) Veneza


Tenho por hábito frequentar eventos no interior de Goiás. São festas tradicionais organizadas em pequenas cidades goianas visando divulgar o folclore e projetá-las como pólos turísticos. Destaco as Cavalhadas de Pirinópolis, o Festival de Curtas Metragens da Cidade de Goiás e a festa religiosa de Muquem em Niquelândia. Citei estas, mas existem outras igualmente interessantes.
É o caso de Nova Veneza. Há seis anos o município de oito mil e quinhentos habitantes, organiza seu Festival Italiano de Gastronomia e Cultura. O slogan da cidade fala por si, Pedacinho da Itália no Coração de Goiás. Um amigo falou-me do evento e fui conferir a Sexta Edição da festa entre os dias 27 e 30 de maio. A cidade dista de Brasília mais ou menos duzentos quilômetros, passando por Anápolis e Nerópolis. Entre esta última e o destino, enfrentei trecho de asfalto esburacado, o que obrigou uma velocidade inferior a trinta quilômetros por hora. Por sorte o trecho era pequeno, portanto, politicamente de fácil solução.
As ruas de Nova Veneza são originais. Sem asfalto, são pavimentadas com bloquetes sextavados, ótimos para drenar as águas da chuva. O asfaltamento, excelente para os carros, contribui com a impermeabilização do solo o que causa alagamentos e enxurradas. Melhor deixar como está.
Após o banho para tirar a poeira, desloquei-me a pé ao evento, coisa impossível nas grandes cidades. Lá, tudo é perto. Desci a pequena rua Francisco Peixoto, cumprimentando os moradores que olhavam o movimento sentados nas calçadas e respondiam animadamente. O festival gastronômico aconteceria na praça principal, onde foram armadas cerca de quarenta barracas para venda de massas, pães, vinhos, bebidas e lembranças em geral. Entre estas, mesas e cadeiras proporcionavam conforto ao turista que chegava. No centro da praça, um palco enorme indicava que haveria programação de shows aos visitantes. E foi o que ocorreu.
Uma parceria entre a cidade de Nova Veneza e sua homônima em Santa Catarina proporcionou aos visitantes a apresentação de uma banda que animava os visitantes com marchinhas italianas. No terceiro dia, um grupo de dança apresentou-se com impecáveis fantasias e máscaras representativas do carnaval da Veneza da Itália. Lá, o evento carnavalesco surgiu a partir do século XVII, influenciado pela nobreza que, disfarçada saia as ruas e misturáva-se ao povo. As máscaras são elementos importantes deste carnaval, tanto da Veneza italiana, como das Novas Venezas brasileiras. Com os trajes, característicos do século XVIII, são comuns máscaras de nobres representadas por caretas brancas pintadas de prateado ou dourado e roupa de seda negra com chapéu de três pontas.O baile de carnaval ao ar livre, com mascarados e banda tocando marchinhas do século passado, foi o ponto culminante da festa. Há algo no anonimato que incita o individuo a soltar-se, dançar e saltitar livremente. Mascaradas, as pessoas parecem criar coragem para a diversão. Após a apresentação no palco, a enorme fila de mascarados serpenteava pelos quatro cantos da feira e puxava os assistentes tímidos. Para participar, o público apelou para a criatividade montando máscaras de caixas de pizzas.
O prefeito, administradores e políticos da cidade, também mascarados, caíram na folia, no que fizeram muito bem.
O sucesso traduziu-se no número de frequentadores. Segundo o apresentador oficial, cerca de setenta mil pessoas compareceram a festa durante os três dias.
Incluí Nova Veneza em minhas viagens. No ano próximo, farei as malas para participar da festa Gastronômica. Espero melhorias na estrada Nerópolis/ Nova Veneza. E irei preparado para curtir o baile ao ar livre. Comprarei máscaras e, disfarçado de Pierrô, levarei a namorada fantasiada de Colombina. E cantarei, “um pierrô apaixonado, que vivia só cantando, por causa de uma Colombina, acabou chorando, acabou chorando”.

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