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(Google Imagens) |
Nada
era como hoje. Brasília não tinha semáforos e as diversões se restringiam aos
churrascos em finais de semana na chácara de alguém ou ao pé das cachoeiras,
silvestres e seguras.
Em
finais de semana as ruas eram vazias de carros e gente. Poucos bares e
restaurantes divertiam os que viviam por aqui. Nas quadras, os moradores faziam
festas privadas e aqueles com filhos menores, programavam reuniões para
aumentar os círculos de amizade.
Os
cinemas eram poucos e as boates raras, das quais lembro do Xadrezinho em frente
ao clube Cota Mil e do Tendinha, perto do Hotel Nacional. Namoro mesmo, para
valer, era na fonte luminosa, onde tudo começava e terminava durante as sessões
de cine-driven, dentro do Autódromo.
O Lago Norte era puro matagal. Certa vez, levado debaixo de chuva por corretor até terreno para comprar, tivemos que
seguir bom pedaço a pé. Na volta, embarrado até o pescoço e cansado nem quis
falar sobre o assunto e, com dinheiro suficiente para comprar o terreno, decidi
pela aquisição de um fusca na Concessionária Valença do posto da Torre. Nem com
o corretor pagando refeições no restaurante di Roma do Setor Comercial Sul, fui
dobrado para adquirir o imóvel. Hoje um terreno naquela localização, daria para
comprar três Mercedes. Sem queixas, porque a vida destrata os arrependidos.
Prefiro
a capital de hoje, com cara cosmopolita. Cheia de gente, engarrafamento e plena
de atividades, pois o tempo que sobrava naquela época geralmente era mal
consumido.
Brasília
é jovem senhora, plena de sedução, ainda infantil e doce nos seus 50 anos. Aqui
faço minha vida, moro, trabalho e divirto. Acostumei com as mudanças no corpo
desta moça. Das retas e curvas que, por mais que os governantes mudem o
traçado, nunca perderá o esplendor e graça. As autoridades perdem o poder no
vai e vem político e a cidade permanece altiva e serena, guardando no seio a nova geração nascida no solo ardente, que
cuidará da mãe gentil com zelo.