LEIA TAMBÉM:"ARQUIVO" e "PÁGINAS"

Dificuldades para comentar? Envie para o email : marcotlin@gmail.com
****************************************************

sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

FIM DE SEMANA EM MONTEVIDEO

(Arquivo pessoal - Malu)

Chego a Montevideo ao entardecer de um sábado com a temperatura a quase quarenta graus. À noite, o calor arrefece e passeio pela Avenida 18 de Julho em busca de livrarias. Procuro versões novas de autores consagrados, entre eles Isabel Allende e Garcia Marques. Edições modernas são confeccionadas com papel e capas menos dispendiosas, consequentemente, boas de preço.
No domingo, a temperatura está confortável. Pego o mapa e saio à procura de pontos turísticos importantes, como o imponente teatro Solis. Depois, o Cais do Porto, onde faço as primeiras compras. À tardinha, surpreendo-me com o movimento de pedestres na cidade. Os uruguaios saem às ruas e passeiam pelas praças. O comércio da Avenida 18 de Julho, uma das principais da cidade, é tomado por clientes ávidos. Livros, alimentos, roupas e cassinos são os locais escolhidos. Quem não compra, anda a passos lentos pelas calçadas. Senhoras com bengalas, jovens enamorados e amigos desfilam preguiçosos.
Em direção à Plaza Independencia aproximo da Plaza de Cagancha. Do outro lado da rua, a revistaria cujo letreiro luminoso exibe o assunto do momento: a marijuana, manchete no jornal El Pais. No banco da praça, três moradores de rua desconfiados aguardam a condução ao albergue.
Continuo pela avenida e ouço música e burburinho de vozes. Sigo a passos lentos, mesmo ritmo da noite preguiçosa da capital uruguaia. Observo o comércio, as vitrines, as pessoas. Chego à origem do som, a Plaza Fabiel, onde duas grandes caixas acústicas tocam um tango bem marcado, dançado por uma dezena de elegantes casais de idosos, admiradores do estiloso ritmo. Quem está sem par curte Carlos Gardel, ídolo eterno e disputado entre argentinos e uruguaios, cada qual afirmando que é filho de suas terras. Divertida, a vida na praça segue indiferente à disputa nacionalista.

(Arquivo pessoal-Malu)
Em outro lado da praça, uma banda toca sucessos regionais dos anos 60 e 70. O cantor animado dança acompanhado das palmas da plateia. Chama a atenção o guitarrista que dedilha solos impecáveis. Um uruguaio grisalho, alto, risonho, com grande bigode e elegância discreta. Pares se formam e dançam separados ou juntos, dependendo do ritmo oferecido, enfeitiçados pelo ambiente enluarado.
Minha resistência é pouca quando há espaço para dança. Chamo Malu, a companheira de viagem pela vida. Entramos na pista e só saímos à meia-noite, quando a banda encerra as atividades. Cessa a música, mas o vai e vem pela praça continua e a conversa corre solta. Percebo turistas brasileiros isolados com seus celulares.
Às duas da manhã volto ao hotel. Há tempo não ando despreocupado pelas ruas. Desde os anos 70 em Porto Alegre, quando adolescente, voltava para casa com o sol nascendo. Se no Uruguai é possível transitar livremente, o que acontece com as cidades brasileiras, infestadas de perigo?
Após este, vieram outros dez dias de passeios, diversões pitorescas, conversas com a população e impressões pessoais. Viagens por Punta del Este, Colonia de Sacramento, Piriápolis e Atlântida. Dias despreocupados, pelo país que passa sensação de segurança e tranquilidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Seu comentário é importante