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terça-feira, 18 de dezembro de 2012

PREVISÕES LUCRATIVAS

(Google Imagens)

Na aproximação do ano 2 000, o planeta foi bombardeado por dúvidas sobre a virada do milênio. Empresas, principalmente fabricantes de computadores, lançaram profecias de que a informática embarcada em toda as áreas de atividades, entraria em colapso e equipamentos, despreparados para esta “virada do milênio”, gerariam problemas impossíveis de prever. Ainda segundo os alarmistas, o homem passaria riscos reais com aparelhos dependentes de datas eletrônicas. Grandes empresas, governo incluído, entrariam em colapso. Passar de 1999 a 2000 seria tão sério que se transformaria no maior pesadelo do novo milênio com caos total em arquivos financeiros, cadastros de pessoal ou até, no caso de usina nuclear, vazamento da radioatividade. Obstinados, aconselhavam adiamentos de cirurgias a meia noite de 1999. Instalado o medo coletivo, foi criado o termo BUG DO MILÊNIO para a catástrofe e a Administração Pública aconselhou os órgãos a criarem comissões e evitassem alarmar a população.
Na época trabalhava na área de informática pública onde, como em tantos outros órgãos, a maré do BUG dominou as atenções. Consultores de “renomado” saber aconselharam a contratação de empresa especializada para ficar livre dos problemas. Elas sim, teriam a tecnologia necessária para minimizar o que pudesse ocorrer. E assim, ao final do relatório, indicaram uma “empresa idônea”, logo chamada para se manifestar. Não prometia zerar a possibilidade de catástrofe, porque o problema era muito sério mas, conforme pregavam “minimizariam” no que fosse possível. Aos poucos, mesmo após  problemas ocorridos, continuariam a prestar serviços, mediante  desembolso mensal, por tempo indeterminado, até que tudo fosse resolvido. Criou-se  comissão para estudar riscos e soluções do problema. O medo da catástrofe ou coisa mais forte pesava a favor da contratação. Mas havia voz contrária: a minha.
Meu raciocínio era simples como o velho exemplo do ovo de Colombo. Como empresas de tecnologia avançada, como os fabricantes de computadores, ou alta tecnologia não preveriam a mudança? Que empresas eram estas que, fabricando computadores na década de 90, negligenciariam a mudança do milênio? Meu veredicto era único e ia na contra mão dos “desesperados” : NADA IRÁ ACONTECER. E espalhava pelos corredores que tudo correria sem traumas. Basta soltar fogos a meia-noite de 31 de dezembro de 1999 e pronto, comemorar o ano novo, sem susto. Como era o único contrário a muitos interesses, fui ficando de lado.
E aí aconteceu o inesperado. O presidente do órgão público ouviu falar da teoria e me chamou para conversa reservada. Quando terminei de falar, perguntou se tinha certeza, já que haviam órgãos públicos que teriam investido milhões em empresas “salvadoras” do colapso. Respondi que tinha certeza. Pediu-me que fizesse um relatório, o qual entreguei no dia seguinte. Ainda temeroso, pediu nova confirmação e afirmei que poderia dormir tranquilo. No mesmo dia cancelou a contratação dos “salvadores”, o que gerou grande barulho, que não o intimidou. A pressão que deve ter enfrentado, imagino qual tenha sido, mas continuou firme.
O dia chegou, o milênio virou, participei do plantão do “Bug” e tudo correu conforme previra.

A partir do dia seguinte, iniciou-se abafa nacional, pois muito se gastou com o evento e o assunto deveria ser esquecido o mais rápido possível. Quem trabalhava com tecnologia sabe o quanto se gastou. Muitos técnicos preferiram se omitir, vencidos pela forte voz da pregação dos senhores do caos.
Agora vem notícias do fim do mundo dia 21 de dezembro. Não sou profeta, nem tenho conhecimento para manifestar opinião. No máximo, arrisco repetir a  teoria da vó Joana que, quando alguém perguntava sobre o assunto, respondia com a simplicidade de imigrante pobre e italiana,: “ DEIXEM DE BOBAGEM, O MUNDO SÓ ACABA PARA QUEM MORRE”.

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