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quinta-feira, 25 de agosto de 2011

A VIDA REAL E A ONÍRICA

(GOOGLE IMAGENS)




Ao completar seis anos formamos a imagem que nos acompanhará pelo resto da vida. Existimos a partir desta realidade. Quem sou? O nome, o comportamento, o pensamento, as decisões, a personalidade são consciências adquiridas como seres individuais e solitários naquela tenra idade.
A vida onírica segue outro caminho. Claro que existe lógica encadeada a cada sonho. Com simbologias diferentes, representam o que gostaríamos de ser, nossos medos, angústias, felicidades e prazeres. Enfim, o produto do inconsciente.
Um exemplo prático disto é Carmem cuja dinâmica de vida descrevo a seguir. Com casamento gratificante de quinze anos, dois filhos, acorda diariamente às oito horas e inicia a labuta doméstica. Classifica os afazeres de lavar e passar roupas, preparar refeições, lavar louças e preparar os filhos para a escola de “rotinas melancólicas e cansativas”. À noite, se apressa em servir o jantar à família. Antes de engolir a última garfada, dizendo-se sonolenta, recolhe-se ao quarto para dormir.
Carmem agiu assim por cerca de quinze anos. Os filhos cresceram com este comportamento da mãe, acostumados a suas ausências nas reuniões noturnas. Dormiam acalentados pelo pai, cada vez mais impaciente com este comportamento.
Seguidamente, Afonso, o marido, reclamava da esposa dormir cerca de doze horas por noite. Carmem ouvia as queixas em silêncio. Nada a faze mudar o hábito. Mas de tanto o companheiro insistir, ela acabou falando o verdadeiro motivo de se recolher tão cedo. Confessou que tinhas sonhos adoráveis. Sonhava com a infância, a casa acolhedora em que nascera, a vida de brincadeiras com os primos, com os tios. Eram tão agradáveis que acalentavam os dias maçantes que enfrentava. Durante o dia, devido ao trabalho extenuante e melancólico de dona de casa, não conseguia pensar em algo agradável. Seu prazer era noturno, pelos momentos de aninhar na cama, dormir e sonhar.
Os sonhos acrescentam fatos para compreensão e ajudam a chegar a uma vida saudável. São informações que afloram durante o sono. Aquilo que se encontra adormecido após fato relevante, mascarado por obstáculos, até se mostrar, compondo o cerne da questão principal. Podem ser reveladores de um estado de amargura, de angústia ou de alegria, resgatando lembranças do inconsciente.
Após conhecer a verdadeira motivação sobre o sono da mulher logo ao cair da noite, Afonso tornou-se intolerante. Exigiu que fizesse tratamento para “se curar”, taxando-a de “louca”. Orientada por uma amiga procurou ajuda. Com seis meses frequentando terapia, Carmem recebeu a informação de seu psicanalista de que não havia anormalidades em seu comportamento. Aconselhou-a a seguir o tratamento visando transferir o prazer e felicidade experimentados pelos sonhos. Trazê-los para a vida real da convivência familiar, certamente mais prazeroso do que apenas sonhar.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

TERMINOU A PENSÃO ALIMENTÍCIA. E AGORA?


(foto: google imagens)

O fim do prazo de pagamento da Pensão Alimentícia aos filhos de pais separados é sempre traumático. De um lado, os filhos consideram a PA como direito adquirido e reclamam ao se aproximar o fim. Em contrapartida, estão os pais, orgulhosos, acreditando no potencial de independência dos rebentos, principalmente se graduados.
O final do recolhimento acontece aos 21 anos ou aos 24 se o alimentado cursar faculdade. Satisfeitas as condições e concluído o curso superior, a Justiça entende que se criaram meios do alimentado concorrer no mercado de trabalho.
Há jovens que acham que o prazo poderia ser estendido. Sentem o poder aquisitivo cair e, como a única solução é encarar a adolescência perdida e suar a camisa trabalhando, clamam pela permanência do beneficio.
As alegações costumam ser as mais variadas. Falam até sobre “o que os amigos dirão se encostarem o carro e passarem a andar de ônibus?” Mas o cordão umbilical precisa ser cortado um dia. A hora pode ser esta.
Quem dá tudo aos filhos e esquece de dar a si mesmo, não garante que terá o amor deles. Pode até se tornar um joguete e criar manipuladores ambiciosos.
A pensão alimentícia é um valor estipulado pelo juiz, devido ao jovem para manter a subsistência digna e de acordo com as condições do pagador. Deve ser prestada pelo cônjuge que não pode mantê-lo sobre seu teto. Hoje, com a guarda compartilhada, as despesas podem até ser divididas entre as partes.
Alguns alimentados reclamam quando neste momento ainda estão fora do mercado de trabalho. O ideal é que planejem o ganho financeiro de forma a suprir logo ao término da PA. O estágio nos dois últimos anos do curso é boa solução e necessidade a ser levada em consideração.
Pais comprometidos com a educação passam mensagens otimistas após a finalização da obrigação legal. Entendem que terminada a fase da formação, os dependentes devem seguir sós na busca da independência. Acreditam na formação e na capacidade deles de serem absorvidos pelo mercado de trabalho.
Pelo contrário, aqueles que continuam a fornecer um valor mensal, na forma de mesada, passam a impressão de não acreditar no potencial do filho. Afirmam, com esta atitude, que nem mesmo a formação contribuiu para o rapaz seguir seu caminho. É como rotular o jovem adulto de incapaz de se assumir independente. Isto esmorece o adulto em formação logo no inicio da luta pela vida.
Aquele que preenche todas as necessidades dos filhos, tirando seus estímulos para o crescimento e luta, tira a capacidade de lidar com fracassos, contribui com a baixa auto-estima e sustenta o medo de correr riscos. Alimentando a timidez, fortalece a formação de jovens desanimados pela falsa impressão de poder ilimitado para concretizar sonhos e batalhar por conquistas.
As escolhas devem ser feitas por eles e não por pais superprotetores, que ao morrerem deixam filhos perdidos, sem ação sobre suas vidas.
A superproteção é a pior atitude de pais que querem a boa formação da personalidade dos filhos. Satisfazer todos os desejos bloqueia a capacidade de proteger-se, de suportar mau tempo e administrar decepções.
É o caminho certo para formar adultos ansiosos, emocionalmente flutuantes, autoritários e inseguros.


sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Missão Espinhosa

(Foto Google Imagens)

A morte prematura de Amy Winehouse, aos 27 anos, acende sinal de alerta e faz refletir sobre a missão do ser humano. Todos têm algo a realizar em diferentes fases da vida. O preparo muitas vezes pode ser árduo, mas necessário a execução.
A missão de Amy era encantar jovens com música, dizem alguns, mas também de ser exemplo do efeito devastador das drogas no organismo. Em 2007 o pai se despedira da filha, durante internação hospitalar por overdose. E declarações de médicos diziam que “se nada for feito a moça falecerá antes de completar 28 anos”. Precocemente, o organismo dava sinais de enfraquecimento frente ao uso abusivo. Mesmo assim ela compôs a música que pregava a não submissão ao tratamento da dependência. Deixar de tratar-se a levou à morte e serviu de exemplo a milhares de jovens defensores desta postura.
Existe uma ilusão de que as drogas contribuem para ampliar talentos, mas a Medicina tem dados concretos do contrário. Causa atrofia cerebral e há risco de desenvolver esquizofrenia. Sem tratamento, a dependência química provoca doenças e morte prematura.
Mas falava da missão na vida. Os contos de fadas descrevem histórias plenas de atrativos e peripécias dos personagens. São príncipes que enfrentam dragões, enquanto princesas sofrem à espera. O ocaso das missões acontece com “... e viveram felizes para sempre”. A união é o fim da missão? Em vários casos é o princípio.
Os povos orientais, sábios na questão existencial, cuidam com carinho dos idosos, pois é deles a origem do ensinamento. São transformados numa espécie de consultores e servem de exemplo.
Na mitologia existem várias histórias de jovens preparados para grandes lutas. Em uma delas fala do deus Osíris que, traído por Seth, seu irmão, foi morto e teve o trono roubado. Quando o filho único, Hórus alcançou a maioridade, Osíris retornou ao convívio dos vivos e orientou-o a lutar contra Seth e tomar o trono, seu de direito por herança genética. Osíris submeteu o filho a intenso, mas necessário treinamento.
Isto se chama “jornada do herói” completada no embate de Hórus com Seth. O cuidado em prepará-lo mostrou a Hórus que o pai ensinara o necessário em força física e destreza mental, para levá-lo a um final vitorioso. Foram oitenta anos de luta quando finalmente, com a vitória de Hórus, o trono lhe foi entregue. Ao vencer a batalha, reinaria com bondade e justiça. A batalha com vitória foi seguida por um reinado justo, outra missão de Hórus.
O final raramente coincide com a morte do herói.
Amy Winehouse, não fosse o cerco de pessoas que a jogavam em palcos sem condições de cantar, tinha muito a fazer. Submetida sem nenhum pudor a vexames que quase macularam a reputação artística, teve comprometida a saúde física e mental. E com a omissão de alguns e a ganância de outros, morreu precocemente.
Os pais devem agir nestas situações. A omissão pode ocasionar a falência do jovem num mundo que não foi preparado para enfrentar. E isto acontece a qualquer tempo, não com ajuda financeira, o menos importante como demonstrou o caso de Amy, mas com cuidados focados na saúde física e mental. O tratamento bem orientado é a única saída nestes casos.
Com tudo que passou a cantora ainda deixou boa parte da missão cumprida. Para os jovens, o legado musical e os efeitos maléficos das drogas. Aos pais, o alerta de que o sucesso é sujeito ao assédio criminoso.
Que o dia dos pais seja de festa para todos. A vitória do amor, do afeto e da harmonia.